Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo
O Brasil tem um alto porcentual (49%) de fumantes que planejam parar de fumar nos próximos seis meses. O estudo, feito em 27 países, e divulgado nesta quinta-feira, 28, pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), revela que o porcentual brasileiro é o maior, mesmo comparado ao de países desenvolvidos, como Estados Unidos (37%), França (34%), Inglaterra (33%) e Alemanha (10%).
A pesquisa mostra que tanto fumantes quanto não fumantes são favoráveis à criação de novas ações governamentais para reduzir o número de pessoas que fumam. Sustentam até a proibição total do tabaco, o que não está em pauta. Os resultados revelam que 68% dos fumantes e 77% dos não fumantes "apoiam" ou "apoiam fortemente" a proibição nos próximos dez anos.
"Existe uma conscientização muito grande, uma percepção de que fumar não é uma escolha, um estilo de vida, como era antigamente. Mais de 90% dos fumantes e não fumantes têm conhecimento da associação do tabagismo a vários tipos de doenças", analisa Tânia Cavalcante, secretária-executiva da Comissão Nacional Para a Implementação da Convenção Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Controle de Tabaco/Inca. "E isso se reflete na posição dos próprios fumantes em relação a regras mais rígidas de comercialização de tabaco."
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A pesquisa perguntou aos fumantes e ex-fumantes quais as razões que os levaram a pensar em deixar de fumar. As mais comuns eram preocupações com a própria saúde (68% dos fumantes, 89% dos ex-fumantes); dar exemplo para crianças (66% e 63%); e preocupações sobre os danos causados pelo tabagismo passivo em não fumantes (51% e 60%). O preço dos cigarros foi o motivo apontado por metade dos entrevistados (50% dos fumantes e ex-fumantes).
A maioria também apoia a padronização das embalagens de cigarro, a exemplo do que já ocorre em alguns países, e a proibição da exibição dos maços nos pontos de venda. Apesar de a propaganda de cigarros estar totalmente proibida desde 2011, a percepção da população é de que houve um aumento. Isso ocorre, na análise de Tânia, porque os maços têm sido colocados em lugar de muito destaque nos pontos de venda.
"No Rock in Rio, por exemplo, também vimos ações de marketing, como a venda casada de um cigarro e um isqueiro com a marca do festival, e ainda vendedores ambulantes vestidos com as cores da marca, oferecendo cigarros em tabuleiros", conta a especialista.