Rafael Andrade - 19.nov.2010/Folhapress | |
Plataforma da Petrobras no Campo de Barracuda, na Bacia de Campos, que teve bloco arrematado pela ExxonMobil |
DA REUTERS
A grande aposta da ExxonMobil na Bacia de Campos mostra sua vontade de reconstruir suas reservas e abre caminho para ofertas consideráveis nos leilões de outubro, voltados às ricas áreas do pré-sal brasileiro, disseram analistas.
Ao marcar um retorno à exploração de petróleo e gás no Brasil, após uma ausência de cinco anos, a Exxon levou oito blocos na cobiçada Bacia de Campos, uma das mais produtivas, durante a 14ª Rodada de Licitação na quarta-feira (27).
Seis foram levados em parceria com a Petrobras.
O leilão, que atingiu um bônus recorde, incluiu uma oferta da Exxon e da parceira Petrobras de R$ 2,24 bilhões por um único bloco (C-M-346), a maior oferta da história em rodadas do gênero.
Isso mostrou como as companhias de petróleo que podem pagar valores significativos estão dispostas a desembolsar e desenvolver reservas de alta qualidade em lugares longínquos, apesar de os preços do petróleo terem caído pela metade em relação a 2014.
"Se alguém pode fazê-lo de um jeito que mantém os custos baixos para algo tão grande e complexo como esse, provavelmente esse alguém é a ExxonMobil", disse Brian Youngberg, analista da Edward Jones.
Youngberg afirmou que também espera que a Exxon participe dos leilões de outubro relativos a blocos na área do pré-sal. A Exxon não respondeu imediatamente a uma pergunta sobre sua potencial participação nos leilões do próximo mês.
Com um valor de mercado de cerca de US$ 350 bilhões, a Exxon gastou muito neste ano em projetos de expansão de petróleo e gás natural para reabastecer suas reservas em queda, buscando reverter as preocupações de que estaria ficando para trás de suas concorrentes na exploração e produção.
O arremate no Brasil é um "sinal adicional da urgência da empresa em reabastecer sua base de recursos", disseram os analistas da Tudor, Pickering Holt & Co, na quinta-feira (28), acrescentando que o negócio da Bacia de Campos foi um sinal positivo para futuros leilões do pré-sal brasileiro.
A oferta recorde de quarta-feira foi cerca de cinco vezes superior à mais próxima, realizada por Shell e Repsol.
A Petrobras disse que tinha expectativa de que alguns dos blocos de Campos poderiam ter também reservas de pré-sal de alto potencial.
Antes do leilão, a Exxon estava entre as poucas grandes petroleiras sem uma presença em exploração nos grandes campos offshore recentemente descobertos no Brasil.
"Para a ExxonMobil, a falta de presença no pré-sal do Brasil foi indiscutivelmente a maior lacuna em seu portfólio, especialmente agora que a Shell ocupa uma posição dominante nesta área prolífica e de baixo 'break-even'", afirmou Horacio Cuenca, pesquisador da Wood Mackenzie, em um nota a clientes.
A Exxon abandonou os esforços de perfuração na Bacia de Santos em 2012, após resultados frustrantes.
Mas uma série de mudanças regulatórias durante o governo de Michel Temer, incluindo uma redução dos requisitos que forçaram as empresas a usarem conteúdo local de equipamentos, provavelmente levará os investidores a retornarem à maior economia da América Latina, disseram os analistas.
Na quarta-feira, Petrobras e Exxon arremataram seis blocos na Bacia de Campos, por R$ 3,59 bilhões, sendo responsáveis por 93% da arrecadação total do leilão.