quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

'Lula, enfim, resolve confessar toda verdade', por Sérgio Mello - Defensor Público

 

No direito penal brasileiro, a confissão diminui a pena de um crime. Não importa se há sinceridade e arrependimento ou se é da boca para fora. Nada de novo. O direito atual é assim, bate o martelo e diz: “Próximo caso?”.

Na era de um jornalismo dado a repetições vãs e com muita gente que governa de dentro de uma caverna, a proposta de um saudoso “Louro José” investigativo é uma só: acreditem se quiserem!. Lula, o mentiroso-mor de todos os presidentes do Brasil (só dizendo o mínimo), resolve enfim falar algo que vale a pena prestar atenção. Falou que é o primeiro presidente a governar antes de tomar posse. Isso é, até um certo ponto, verdade se considerarmos democracia como aquele sussurro de Barroso captado pelo sistema de som do corredor: “Eleição se toma”. Pois bem. 

Enquanto isso, durante a gestão do presidente Bolsonaro…

O ainda presidente Jair Bolsonaro não foi um bom presidente, dizem as más línguas jornalísticas. Desde o princípio, falou muito o que queria, usou e abusou da sinceridade, num sincericídio que deu no que deu.

Misógino, fascista, sexista, homofóbico, preconceituoso, insensível, injusto, agressivo. Isso tudo era o mínimo. E choviam fake news contra ele e seu governo, enquanto a verdade estava em jornais fora da velha modinha. Agora, com um relatório de transição de uma “terra arrasada”, herança bolsonarista, dizem, se fazem de messiânicos antecipados. Pois bem. 

Enquanto isso, o governo Bolsonaro: a inflação brasileira se mantém menor que a norte-americana; para 2022, o FMI estima quase 3% de crescimento para o PIB brasileiro; a taxa de desemprego no país é de cerca de 8%, número pouco maior de meados de 2015 (IBGE).

Pois bem. Enquanto isso, na Polícia Federal…

Lula, o presidente vitorioso na eleição passada, foi condenado em primeira e segunda instância por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Ficou engaiolado por uns 500 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. E tudo isso não serviu para que sua confissão fosse perfeita, ou seja, sincera. Pau que nasce torto se entorta de vez. Pois bem. 

Enquanto isso, na caverna do Supremo Tribunal Federal, que pouco se importa com o que Lula fez no verão passado…

Fachin abre o caminho com um mero habeas corpus que determinou um novo endereçamento do processo criminal contra Lula. Tudo atrasa. Quase erro judiciário. Réu preso não pode esperar na prisão. Tudo se inverte numa inversão marxista de ser. De vilão vira mocinho quase beatificado. 

Não sabemos se da cadeia o melhor amigo do saudoso “Louro José” da mentira em cadeia se comunicava com o mundo exterior por meio de internet ou de celular. Mas que ele governou o país antes da malfadada e temida posse, ah! sim, governou. 

Enquanto isso, fora da cadeia…

Foi aprovada, agorinha mesmo, uma PEC estilo Robin Hood, numa cumplicidade entre os presidentes da Câmara, do Senado e do TSE, violentando o teto de gastos, o orçamento secreto que segue em vigor e o loteamento dos ministérios.

Enquanto isso, o povo segue de fé em fé, de prisão em prisão, de multa em multa…

Sérgio Mello. Defensor Público no Estado de Santa Catarina


Jornal da Cidade