Quando devo me ajoelhar: ao toque da sirene do lockdown ou ao toque da sineta da Eucaristia?
A cena mostrada acima parece ter saído de um livro de Orwell, Huxley, Ray Bradbury ou Philip K. Dick. O som da sirene, as ruas desertas, um vulto solitário que se dirige não sabemos para onde — tudo isso poderia também estar na literatura de Soljenítsin, Chalamov ou Virgil Gheorghiu. Mas não é ficção nem narrativa: é simplesmente a realidade. Trata-se, como informa o autor do vídeo, do toque de recolher na cidade gaúcha de Pelotas, em agosto de 2020.
Fiquei curioso em saber quem atualmente administra Pelotas. Descobri que a prefeita da cidade é Paula Mascarenhas, do PSDB, que no mandato anterior foi vice do atual governador Eduardo Leite, também tucano. Quando era vice-prefeita, Paula pertencia ao PPS, aquele partido que de vez em quando troca de nome para esconder sua identidade original: PCB, o Partido Comunista Brasileiro, conhecido nos tempos de antanho como Partidão. O tucano Eduardo Leite é um dos mais fervorosos das políticas de lockdown no combate ao vírus chinês.
Pelotas em lockdown é a imagem perfeita do comunismo — sistema que o Partido Comunista da China pretende exportar para o mundo inteiro, com os aplausos da nossa esquerda. É o regime em que você entrega todas as suas liberdades sociais ao Estado em troca de proteção, segurança e sobrevivência.
Fique em casa —Use máscara — Espere a vacina —Tenha medo. Estas são as quatro recomendações básicas dos adoradores da China que se multiplicam por todos os lugares, inclusive nos mais inusitados, como os altos escalões das Forças Armadas. Mas as quatro recomendações podem ser sintetizadas em apenas uma ordem: OBEDEÇA.
Ontem, depois de várias semanas sendo obrigado a acompanhar missas on-line ou aventurar-me em celebrações clandestinas, pude finalmente assistir a uma missa presencial autorizada. O protocolo de segurança inclui diversos procedimentos, entre eles a não-obrigatoriedade de se ajoelhar no momento da consagração do pão e do vinho — o ponto alto da missa.
Com todo respeito, vou continuar me ajoelhando no momento da consagração eucarística. Quando fiz a primeira comunhão, há 42 anos, na Casa Pia São Vicente de Paulo, ensinaram-me que era preciso ficar de joelhos diante do Corpo e Sangue de Jesus. Não consigo fazer de outro jeito. A sineta que toca quando o padre repete as palavras de Cristo — ISTO É O MEU CORPO — vale mais do que todas as sirenes do mundo.
Ajoelho-me diante de Cristo para que um dia não precise me ajoelhar diante da China.
— Paulo Briguet é cronista e editor-chefe do BSM.