domingo, 30 de agosto de 2020

"O poder que os brasileiros jamais tiveram: Autoestima e nacionalidade são as principais armas contra os inimigos", por JMC Sanchez

 

E a pergunta é: de onde vem as sementes que produziram a árvore que agora começa a produzir frutos?

Vem comigo, vou te contar uma breve história: algo para se pensar... e como sempre, como o artigo é longo você tem a opção de ouvir o áudio que está posicionado no final do texto.

Os Brasileiros Globais: a riqueza que veio do além mar...

1984 ... não, não estou falando do livro, da Distopia de George Orwel que conta a Estória de um Estado Opressor: estou me referindo ao ano em que ocorreu a maior enchente que o Vale do Itajaí, Santa Catarina, conheceu ao longo de sua história e que deixou debaixo d’água cidades como Blumenau e Brusque, algo devastador cuja destruição jamais se havia visto na Região Sul do País.

Estávamos em Agosto de 1984 e, há 36 anos essas comunidades oriundas da Colonização Alemã viviam uma provação sem precedentes na sua história em terras Tupiniquins, mesmo que já tivessem ocorrido outras enchentes mas nunca de tamanho impacto: em muitas regiões da cidade as águas chegaram até o teto das casas e a maior parte dos habitantes da região perdeu praticamente tudo que tinha.

Vi pessoalmente as marcas dessa tragédia... algo desolador.

Mas quem eram e quando chegaram esses Alemães que povoaram o Vale?

A colonização Alemã (e sim, tivemos núcleos importantes de colonização no Brasil) se instalou no Vale do Itajaí-Açu em 1850 com a formação da Colônia Blumenau (a Colonização Alemã no Estado de Santa Catarina houvera começado em 1829 com a Colônia São Pedro de Alcantara).

A seguir, em 1860 seria a vez da Colonização do Vale do Itajaí Mirim onde se localiza Brusque. Eram imigrantes oriundos principalmente do Sul e Nordeste da Alemanha e em geral, fugindo de problemas sociais frequentes na Europa e que aqui encontravam terras e oportunidades que por lá não haviam. Nesse aspecto, muito se assemelha aos colonizadores Ingleses que povoaram a América... e além da Cultura, trouxeram suas ferramentas, tecnologias e muita disposição para realizar seus sonhos na Terra Nova.

Assim, formava-se um núcleo étnico teuto-brasileiro de grande riqueza cultural e cuja taxa de fecundidade à época era de 8 a 10 filhos por casal, fazendo a população crescer rapidamente.

Mas a imigração alemã na verdade, seria ainda mais antiga: seu início remonta a 1824 e se estendeu até 1972. No Brasil os descendentes Alemães representam a quinta maior população com cerca de 7.2 milhões (há estudos que dizem ser mais de 10 milhões) e estão sobretudo estabelecidos na região Sul do País, ou seja, no Rio Grande do Sul em Santa Catarina e no Paraná.

Dedicação ao trabalho, Resiliência, sentido de comunidade e... alegria

... quando as águas baixaram, o cenário era desolador: 1984 seria um ano para jamais ser esquecido, mas por muitas razões, não apenas pela catástrofe natural. No dia seguinte a inundação a comunidade se deu as mãos e trataram de iniciar a reconstrução das cidades... não havia espaço e nem tempo para lamentações.

E o que se viu foi um movimento épico de solidariedade e sentido comunitário. Uma grande faxina se organizou e a olhos vistos as cidades foram reconstruídas e em pouquíssimo tempo ressurgiram as flores, além da belíssima arquitetura enxaimel, característica dessas cidades e que são uma herança ancestral trazida pelo colonizadores: o vale do Itajaí floresceu e a vida seguiu... mais viva que nunca e emergia uma comunidade ainda mais forte e coesa.

Em meio ao processo de reconstrução, era preciso angariar fundos para ajudar aqueles que tudo perderam.

A principal ideia foi a realização de uma grande festa, e assim surgiu a OKTOBERFEST brasileira, um festival de tradições germânicas similar ao que ocorre em Munique e que teve sua primeira versão em Blumenau no ano de 1984 (mesmo ano da enchente e menos de três meses após). Nascia assim, uma das festas mais populares do Brasil e uma das mais famosas do mundo, que não perde em nada à de Munique.

Essa Festa promoveu um fluxo de solidariedade extraordinário de brasileiros e também de estrangeiros que, além de se divertir, vieram para ajudar. Foi assim que em Outubro de 1984 tínhamos o marco zero da OKTOBERFEST Brasileira, um evento que acontece todos os anos ao longo 20 dias do mês de Outubro e que acabou criando em paralelo, outras festas populares de tradição Alemã como a Fenarreco em Brusque; a Bierfest em Joinville; a Schützenfest em Jaraguá do Sul; a Kerfbfest em Cunha Porã e a Kegelfest em Rio do Sul, cidades Catarinenses que abrigam núcleos teuto-brasileiros e que preservam e compartilham a cultura e as tradições dos colonizadores Alemães.

Uma visão impressionante da Nacionalidade Brasileira

Na programação da festa, temos 6 a 7 desfiles alegóricos que acontecem na Rua XV de Novembro em Blumenau, onde uma grande multidão forma um condão emoldurando o desfile da diversidade e da tradição alemã: e do Brasil que também passou a ser Alemão, tanto quantos esses alemães passaram a ser brasileiros!

A Festa que como disse, começou a ser realizada há 36 anos e inspirada na existente em Munique, embora também grandiosa, traz uma importante, mas significativa diferença da outra: Embalados pela música, pela alegria e regado a muito Chopps o que vemos é maravilhoso... são milhares de pessoas que vestidas dentro da mais pura tradição alemã formam um belíssimo mosaico de raças.

Vemos negros, brancos; amarelos... e assim fica claro que mesmo preservadas as tradições germânicas os que estão ali, não importa a origem, SÃO BRASILEIROS... alemães Brasileiros de todas as Etnias.

O Brasil, mesmo sendo um caldeirão de Raças e Culturas é formado por BRASILEIROS (como citei no Artigo anterior O RESGATE DA AUTO ESTIMA E O PODER DA NACIONALIDADE )...uma nação multicultural integra e diferenciada.

Como disse: o Brasil é uma Aquarela de Culturas, mas com um sentido de nacionalidade sem igual no Planeta.

UM TEMPO DE MATURIDADE, UM TEMPO DE COLHER...

No Brasil desde sempre, os ciclos de Exploração e Subserviência, determinaram uma perda significativa da auto estima, mas não impediram a formação do Sentido de Nacionalidade.

Nesse aspecto os núcleos de colonização que se formaram em paralelo, e que representam além dos Alemães e seus descendentes, os 7.2 milhões ou maior, como citei, se somam aos mais de 30 milhões de Italianos; os mais de 15 milhões de Espanhóis; os mais de 15 milhões de Portugueses; os mais de 29 milhões de Africanos; os mais de 10 milhões de Sírios e Libaneses; os mais de 46 milhões entre Árabes, Japoneses, Coreanos, Judeus e outros... e assim por diante, que se somaram aos índios que imprimem traços genéticos em algo como 22% da população.

E este é o Brasil, um Brasil disposto a resgatar sua autoestima, seu destino, sua soberania...

Por muito tempo, na verdade há 5 séculos o povo brasileiro foi submetido à força monumental do “sistema”, que sempre se organizou para preservar esse modelo de dominação, foi na sua essência uma forma de organização social que criou e preservou uma elite que concentrou nas suas mãos toda a riqueza e todo o poder.

Essa Elite como sabemos, contaminou todas as instâncias da “República”, apenas para citar o ardil que se produziu em 1889 com a proclamação, corroborado por 6 das 7 constituições que tivemos, a primeira delas em 1824 após a Independência e a primeira da Republica em 1891 e daí por diante, o texto Constitucional sempre esteve a serviço da preservação dos poderes e interesses Oligárquicos e Corporativos.

Para entender isso melhor, basta comparar a constituição vigente desde 1988 com seus 200 artigos e já 60 PECs (emendas) com a Constituição Americana, única e com seus mais de 220 anos, que possui apenas 7 Artigos e 27 emendas, sim... sete, você não me entendeu mal. Fica mais do que evidente que em 200 artigos estavam sendo privilegiados todos os interesses corporativos do Brasil.

Algo que levaria ao SUPREMO a monumental monta de processos, superior a 92 mil no ano passado, contra os cerca de 5.000 anuais que chegam à Suprema Corte Americana e que ainda assim, seleciona e trata não mais do que 100 processos, ou seja, o Brasil é uma insanidade legislativa e judiciária...

Enfim, o Brasil foi feito para dar errado... e foi o que acontece até 2018.

Mas como falei, algo de mágico aconteceu: assim como em 1984 a população do Vale do Itajaí se uniu e com resiliência, trabalho, foco e criatividade reconstruíu suas cidades, o Brasil se encontra num IMPARÁVEL processo de reconstrução e resgate da soberania Nacional.

Sim, é disso que estamos falando...

Esse novo poder que se MATERIALIZOU NAS REDES e representou o GRANDE BASTA, que tem como ingredientes: o resgate da autoestima e o poder da Nacionalidade.

Confira:

JMC Sanchez

Articulista, palestrante, fotografo e empresário.

Jornal da Cidade