Lionel Messi não se apresentou para exames médicos e testes de coronavírus agendados para todo o time do Barcelona neste domingo, reforçando os sinais de que o craque argentino não quer permanecer no clube catalão. Os jogadores se reapresentam nesta segunda-feira.
O Barcelona disse que Messi foi o único jogador do elenco que não foi submetido a exames médicos e aos testes de covid-19 no centro de treinamento do clube. A equipe deve retomar os treinos na segunda-feira, em preparação para o início da próxima temporada.
Houve rumores no início da semana de que Messi compareceria aos testes para evitar quebrar as regras do time durante a negociação de sua saída, mas pessoas próximas ao jogador teriam avisado ao clube no sábado que ele não iria aparecer.
Mesmo fora dos planos do técnico Ronald Koeman, Luis Suárez, Ivan Rakitic, Arturo Vidal e Samuel Umtiti compareceram ao centro de treinamento e passaram pelos testes obrigatórios de RT-PCR de coronavírus neste domingo.
Suárez é companheiro de equipe de longa data e amigo de Messi, e acredita-se que a decisão de se livrar do atacante uruguaio tenha incomodado o argentino e impulsionado seu desejo de sair.
O Barcelona vai retomar os treinos com o técnico Ronald Koeman, que substituiu Quique Setién, demitido após a histórica derrota da equipe por 8 a 2 para o Bayern de Munique nas quartas de final da Liga dos Campeões, em 14 de agosto. O revés, um dos piores da carreira de Messi e da história do clube, levou o Barcelona a anunciar mudanças "profundas" no time titular e uma reestruturação "ampla" internamente.
O clube também reiterou sua posição de não negociar a liberação antecipada de Messi, dizendo que o presidente Josep Bartomeu só se sentará para conversar com o jogador se o assunto for a extensão de seu contrato além da próxima temporada.
Messi expressou na semana passada o desejo de deixar o clube, mas o Barcelona quer que ele cumpra o contrato que termina em junho de 2021. O clube também disse que não está negociando uma possível transferência com qualquer outro time. Manchester City e Paris Saint-Germain sonham com o melhor do mundo.
Messi anunciou sua decisão de sair na terça-feira, enviando ao clube um burofax, um documento certificado semelhante a um telegrama. Ele invocou uma cláusula contratual que lhe permitia sair de graça até 10 dias depois do final da temporada, mas o clube afirma que esse artigo do contrato já expirou, se baseando no fim da temporada pelo calendário oficial (31 de maio).
Espera-se que uma guerra judicial se desenrole, já que Messi argumentará que a temporada foi estendida além da data em que a cláusula expirou por causa da pandemia do coronavírus, terminando no dia 23 de agosto, data da final da Liga dos Campeões. Ele quer sair de forma unilateral, sem pagar a multa rescisória.
O craque argentino teria dito que queria negociar com o clube, mas o Barcelona faz jogo duro e não está disposto a facilitar sua saída. O clube catalão reforçou o desejo de que Messi encerre a carreira no lugar em que passou toda a sua trajetória.
Geralmente discreto, Messi, de 33 anos, chegou a desabafar abertamente sobre as más decisões da equipe neste ano, a primeira sem um troféu desde a temporada 2007/2008.
POSIÇÃO DA LA LIGA
A La Liga, responsável pelo Campeonato Espanhol, fez seus primeiros comentários públicos sobre o caso neste domingo. Em comunicado, a entidade se posicionou a favor do Barcelona, dizendo que o contrato de Messi está em vigor e só pode ser rescindido com o pagamento da multa, fixada em 700 milhões de euros (R$ 4,5 bilhões).
O presidente da La Liga, Javier Tebas, disse há alguns meses que a liga espanhola não foi realmente afetada financeiramente depois que Cristiano Ronaldo deixou o Real Madrid e foi contratado pela Juventus, não vendo uma redução nas audiências de televisão ou contratos de direitos autorais. Mas ele considera que se Messi sair a o cenário pode ser diferente, e o campeonato deve ser prejudicado financeiramente.
Estadão Conteúdo