Estimativa é que mais de 140 milhões de indianos perderam o emprego durante esse período
A economia da Índia contraiu 23,9% no trimestre encerrado em junho, na comparação com o mesmo período do ano passado.
O resultado negativo, muito mais profundo do que as previsões dos analistas, é reflexo do isolamento imposto pelo primeiro-ministro Narendra Modi para tentar conter a pandemia do novo coronavírus.
Empresas foram obrigadas a fechar durante a noite e mais de 140 milhões de indianos perderam o emprego durante esse período.
A resposta fiscal do governo indiano à crise também foi criticada por não ter distribuído dinheiro suficiente para os setores em que as receitas entraram em colapso devido às restrições do governo.
“Isso confirma o que dissemos há muito tempo – o bloqueio da Índia foi o mais severo e infligiu um enorme custo econômico”, disse ao jornal Financial Times a economista Priyanka Kishore.
Coronavírus
Embora o bloqueio tenha atingido a economia, não conseguiu impedir a disseminação do vírus entre os 1,4 bilhão de indianos.
O país está detectando mais novos casos de coronavírus do que qualquer outro – com cerca de 79.500 infecções confirmadas nas últimas 24 horas.
No ritmo atual, espera-se que a Índia supere em breve o Brasil em termos de casos cumulativos de covid-19, perdendo apenas para os EUA. O número oficial de mortos é de 65.000.
Pré-pandemia
A economia indiana estava vacilando antes da pandemia, com o Produto Interno Brunto desacelerando por quatro anos consecutivos.
O PIB cresceu apenas 3,1 por cento no primeiro trimestre de 2020, em uma base anualizada, mas os restrições, impostas em 24 de março, foram devastadoras. No trimestre de abril a junho, o consumo contraiu 27%, e o investimento caiu 47,5%.
Como o bloqueio diminuiu no final de maio, a atividade econômica mostrou uma recuperação inicialmente acentuada, impulsionada pela demanda reprimida depois de semanas em que os indianos não podiam comprar nada além de alimentos, remédios, materiais de limpeza e produtos de higiene pessoal.
Afonso Marangoni, Revista Oeste