Jornal deixou de mencionar que a Corte entregou a Estados e municípios o poder de delinear as estratégias de combate à covid-19

Sede da rede Globo, na capital paulista | Foto: DIVULGAÇÃO/REDE GLOBO
O Jornal Nacional divulgou um editorial no sábado 8, quando o Brasil alcançou 100 mil mortos por covid-19 (e 2,2 milhões de recuperados, mas não mencionado pelos jornalistas), criticando Jair Bolsonaro pela forma com que ele conduziu os esforços no combate à pandemia. O telejornal citou a Constituição e cobrou que o presidente seja responsabilizado pelas vidas perdidas em razão do vírus chinês. Além disso, os apresentadores destacaram que o chefe do Executivo minimizou os efeitos do coronavírus ao adjetivá-lo, por exemplo, de gripezinha, como também fez o médico Dráuzio Varella.
“As ações dos governantes precisam ter como objetivo diminuir o risco de a população ficar doente. E não somos nós que estamos dizendo isso. É a Constituição brasileira que todas as autoridades juraram respeitar”, observou o jornalista William Bonner. “O Brasil está há 12 semanas sem um ministro da saúde titular. São 85 dias desde 15 de maio. Dois médicos de formação deixaram o cargo porque pretendiam seguir a orientação da ciência. E o presidente Bolsonaro não concordou com essa postura”, continuou a apresentadora Renata Vasconcellos.
Contudo, o editorial não mencionou que em 15 de abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal tirou do presidente da República a prerrogativa de definir as estratégias de combate ao coronavírus. Dessa forma, entregou o poder a Estados e municípios. Tampouco informou que a hidroxicloroquina, defendida por Bolsonaro, tem ajudado na luta contra a covid-19. Conforme o editorial, as atitudes do presidente confundiram a população. “Fica a pergunta: O presidente cumpriu esse dever? Quais governadores cumpriram?”, interpelou Vasconcellos, ao indagar: “O presidente cumpriu esse dever?”.
Cristyan Costa, Revista Oeste
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