segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Gesto de Bolsonaro a Temer mira presidência da Câmara

 Gesto de Bolsonaro a Temer em missão humanitária do Brasil no Líbano tem presidência da Câmara como pano de fundo

Bolsonaro - Temer

Convite de Bolsonaro para Temer chefiar missão humanitária do Brasil no Líbano tem presidência da Câmara como pano de fundo | Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro cada vez mais adota ações estratégicas na política. Ao convidar o ex-presidente Michel Temer para chefiar a missão humanitária do Brasil no Líbano, ele faz o principal gesto do governo à presidência da Câmara em 2021. Emedebistas e interlocutores do Executivo reconhecem o aceno como um apoio indireto à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), presidente nacional do partido.

A política é feita nos detalhes. Bolsonaro podia não convidar Temer para representar o governo. Seria uma prerrogativa dele como presidente da República. Mas, ao adotar essa postura, ele dá todos os acenos diplomáticos por uma aproximação republicana com os emedebistas.

Nos bastidores, Temer trabalha pela candidatura de Rossi à presidência da Câmara. O emedebista conversa com presidentes de outros partidos e parlamentares no Congresso, sobretudo do DEM. Avisa que, no Senado, o MDB — que tem a maior bancada — abre mão de lançar um candidato se receber apoio dos demistas na Câmara.

Apoio

Por isso, o gesto de Bolsonaro a Temer não é algo unicamente pessoal. O governo sinaliza com uma “carta de boas intenções” ao candidato emedebista pela presidência da Câmara. O Executivo não vai firmar um apoio direto, mas vai monitorar de perto e manter a boa relação com o MDB.

“No fundo, o governo está preocupado com quem assumirá a presidência da Câmara. Imagina se é um novo [Rodrigo] Maia [presidência da Câmara]?”, diz um emedebista. “Isso é decisivo para o mandato”, reconhece um interlocutor governista.

, Revista Oeste