quarta-feira, 20 de março de 2019

Em dia de Fed e reforma de militares, Bolsa fecha o dia em queda de 1,55%

A quarta-feira, 20, de agenda extensa e relevante trouxe expectativa e instabilidade ao mercado brasileiro de ações, que esteve suscetível a uma série de fatores. A apresentação da proposta de reestruturação da previdência dos militares manteve-se como o principal assunto do dia, mas também dividiu as atenções com as reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central brasileiro. 
Índice Bovespa oscilou em terreno negativo durante quase todo o pregão e fechou em queda firme, de 1,55%, aos 98.041,37 pontos. O dólar diminuiu o ritmo de queda na reta final de negócios e terminou a sessão a R$ 3,7676, em baixa de 0,57%.
Gráfico do índice Dow Jones em queda
As bolsas de Nova York fecharam majoritariamente em queda, 
com destaque para os papéis do setor financeiro. 
Foto: Richard Drew/AP

A proposta dos militares foi entregue no Congresso pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro, que estava acompanhado pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa CivilOnyx Lorenzoni. O documento prevê que as medidas terão impacto de R$ 10,45 bilhões em dez anos e R$ 33,6 bilhões em vinte anos.
Em uma primeira leitura, os números apresentados foram recebidos com alguma frustração pelo mercado, que esperava uma economia maior. Mas atribuir toda a queda do Ibovespa a esse fator seria exagero, segundo analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. As bolsas de Nova York fecharam majoritariamente em queda, com destaque para os papéis do setor financeiro, que influenciaram os negócios por aqui. Operadores e analistas afirmam que uma parte da queda pode ser considerada uma realização de lucros, com o mercado corrigindo parte do otimismo dos últimos dias.
"A pesquisa do Ibope apontando queda da popularidade do presidente e a frustração com a economia menor que o esperado na previdência dos militares foram fatores que contribuíram para a queda do Ibovespa. Mas não podemos deixar de fora as mudanças bruscas pelas quais passou o mercado internacional depois da reunião do Federal Reserve", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe da ModalMais.
Para Glauco Legat, analista da Necton, além de alguma frustração com o projeto dos militares, o mercado também pode ter levado em conta os diversos obstáculos que estão por vir na tramitação da reforma da Previdência. "Embora tenhamos um cenário bastante propício à aprovação da reforma, ainda há muitos riscos e ninguém arrisca dizer qual será o 'timing' e o montante", disse.

Antes da divulgação da proposta dos militares, o Ibovespa havia tido seu pior momento por volta das 13h30. Pesava naquele momento a influência negativa do mercado norte-americano, que operava na expectativa pelo desfecho da reunião do Federal Reserve. Mas foi justamente o Fed o responsável pelo melhor momento do dia. Ao anunciar que provavelmente não irá mais elevar as taxas de juros nos EUA – a projeção anterior era de duas altas em 2019 – o Fed promoveu uma melhora nos mercados americanos e o Ibovespa tocou pontualmente o terreno positivo, chegando à máxima de 99.707,96 pontos (+0,12%).

O Estado de S.Paulo