A Petrobras assinou acordo com a chinesa CNODC, uma subsidiária da petroleira CNPC, para concluir a construção da refinaria do Comperj, localizada em Itaboraí, no Rio de Janeiro. Até então, a estatal só havia anunciado planos para concluir a construção da UPGN, a unidade de processamento de gás, cujas obras devem gerar 1,3 mil vagas ao longo do próximo ano. A notícia foi antecipada pelo blog do colunista Ancelmo Gois.
O novo acordo com os chineses prevê a criação de uma nova companhia, que será através de uma "joint venture", no qual a Petrobras terá 80% e a CNPC os 20% restantes. O presidente da estatal, Ivan Monteiro, está na China, de onde acertou os detalhes finais do acordo.
Mas a união da Petrobras com os chineses vai além da área de refino. A estatal vai criar outra "joint venture" com os asiáticos para o segmento de exploração e produção em campos de petróleo na Bacia de Campos. Pelo acordo, os chineses terão 20% das concessões dos campos de Marlim, Voador, Marlim Sul e Marlim Leste.
"O petróleo pesado produzido no cluster de Marlim tem características adequadas à refinaria do Comperj, projetada para processar este tipo de óleo, com alta conversão. Este é um passo importante no desenvolvimento da parceria estratégica entre as companhias. Sua efetiva implementação dependerá da conclusão dos estudos de viabilidade e, consequentemente, da decisão de investimento pelas partes no Comperj, bem como do sucesso das negociações dos acordos finais", destacou a estatal em nota enviada à Comissão de Valores Mobiliários.
No comunicado, Monteiro disse que o acordo vai permitir a revitalização do campo de Marlim, na Bacia de Campos. “Com a assinatura do acordo integrado, avançamos significativamente na parceria estratégica com a CNPC para concluir a refinaria do Comperj e implementar um projeto consistente para revitalização do campo de Marlim”, disse o executivo em nota.
A criação de joint ventures marca uma nova fase na venda de ativos da Petrobras, destacou uma fonte do setor. Na semana passada, a estatal criou também uma joint venture com a americana Murphy que terá 80% de 17 campos de petróleo até então detidos pela brasileira no Golfo do México. Da meta de arrecadar US$ 21 bilhões no período de 2017/18 previstos no plano de venda de ativos da Petrobras, a companhia já obteve US$ 4,8 bilhões até o mês de julho.
O Comperj, que estava com suas obras aparalisadas desde 2015, quando vieram à tona os escândalos de corrupção da Operação Lava-Jato, ganhou sobrevida em julho do ano passado. Na ocasião, a estatal anunciou um acordo de intenção com a chinesa CNPC para avaliar projetos em conjunto no Brasil.
No fim de 2017, a chinesa Shandong Kerui e a Método Potencial venceram uma licitação feita pela Petobras para concluir a construção da UPGN, que vai fazer o aproveitamento do gás natural que será produzido nos campos do pré-sal a partir de 2020. O consórcio liderado pela chinesa ofereceu o menor preço para executar a obra, de R$ 1,947 bilhão.
Bruno Rosa, O Globo