O Globo
ISTAMBUL - Um ataque suicida que teve ainda trocas de tiros atingiu nesta terça-feira o terceiro mais movimentado aeroporto da Europa: o internacional Atatürk, em Istambul. As explosões, por volta das 22h (locais), mataram ao menos 32 pessoas e deixaram 147 feridos, mas altos funcionários disseram sob anonimato à AP que o número de mortos chega a até 50. O caso leva mais uma vez o pânico a uma cidade que se viu alvo de seis atentados desde dezembro. Contas de Twitter ligadas ao Estado Islâmico reivindicaram o atentado, o que fontes policiais também desconfiam.
As informações ainda são desencontradas, com o governador local apontando para a ação de até três terroristas. Algumas autoridades disseram que explosões foram causadas por homens-bomba no terminal de embarque, enquanto o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdağ, indicou que houve invasão de um homem com um fuzil. Funcionários do governo relataram uma troca de tiros com policiais que terminou com terroristas se explodindo antes de chegarem a um setor de checagens na área de embarque internacional.
Algumas testemunhas afirmaram que suspeitos teriam jogado granadas contra o setor de raio-X de um terminal de embarque. A Turquia proíbe a difusão de informações sobre episódios de terrorismo por fontes independentes, em tempo real, e voltou a impôr restrições às redes sociais contra a divulgação de imagens do ataque.
Alguns vídeos mostram pessoas dentro e fora do aeroporto com expressão de terror durante as rajadas de tiros. Outras imagens mostraram vários policiais entrando no aeroporto, armados.
— Foi muito forte. Todo mundo entrou em pânico e começou a correr em todas as direções — disse um dos entrevistados à emissora CNN turca.
Voos de chegada e saída no aeroporto foram imediatamente suspensos após o ataque. Alguns aviões que chegavam foram desviados para aeroportos próximos, mas outros puderam aterrissar, segundo o serviço de aviação do país. O local só será reaberto às 20h de quarta-feira.
Em imagens publicadas no Twitter, feridos eram atendidos na área de desembarque do terminal internacional.
Táxis no local transportaram os feridos do aeroporto, disse uma testemunha à CNN turca. Cerca de 30 ambulâncias se concentravam do lado de fora do terminal internacional após as explosões.
O Atatürk é o terceiro aeroporto europeu de maior circulação de passageiros, atrás apenas de Heathrow (Londres) e o Charles de Gaulle (Paris).
— Espero que o mundo demonstre uma posição decisiva contra os grupos terroristas — condenou o presidente Recep Tayyip Erdogan, que afirmou ver no ataque "claramente um objetivo de atingir a Turquia usando o sangue de pessoas inocentes".
Citado pelo portal G1, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou que não havia registro de brasileiros entre as vítimas. A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que um consulado brasileiro na cidade "está mobilizado para atender a comunidade brasileira e permanece em contato com autoridades locais para obter informações".
Uma câmera de segurança flagrou o momento de uma das explosões no atentado terrorista.
TERRORISMO FREQUENTE
Um dia antes, o Departamento de Estado dos EUA havia reforçado um alerta a seus cidadãos para que "exercessem vigilância aumentada e precaução ao visitar áreas de acesso público" na Turquia, em especial as muito frequentadas por turistas.
Enquanto contas ligadas ao EI afirmaram que o grupo foi responsável pelo ataque, a Turquia não chegou a uma conclusão. Nos últimos dois anos, o Estado Islâmico tem intensificado sua atuação no país, cometendo ataques terroristas em grandes cidades, como Istambul e Ancara. O grupo atua principalmente na Síria, vizinha da Turquia.
Militantes radicais de grupos separatistas curdos têm ainda realizado ataques em área do Sudeste do país. Um outro ataque recente contra policiais na capital, Ancara, deixou 37 mortos em um ônibus.
No dia 22 de março, dois suicidas se explodiram na zona das partidas do aeroporto de Zaventem, em Bruxelas, deixando 15 mortos e dezenas de feridos. Horas depois, um outro atentado deixou mais vários mortos e feridos numa estação de metrô na capital da Bélgica. Desde novembro, a Europa já estava em alerta máximo, em função dos atentados em Paris que deixaram 130 mortos.