Em audiência a portas fechadas nesta quarta (29) o ex-diretor do Theatro Municipal de São Paulo, José Luiz Herencia, acusou o diretor artístico John Neschling de conflito de interesse, por supostamente intermediar contratos de sua empresa com a instituição. O maestro é sócio da mulher, a escritora Patrícia Mello, na PMM, que mediava o contato com o Municipal.
Herencia, que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, afirmou a vereadores na Câmara Municipal que Neschling detém participação de 0,01% na empresa comandada por Patrícia.
Conforme adiantou a coluna, a CPI votou nesta quarta (29) a convocação de Neschling para uma audiência. Segundo o vereador Quito Formiga (PSDB-SP), presidente da comissão, o maestro será ouvido no dia 10 de agosto.
Neschling está em viagem a Lugano, na Suíça, e Patrícia, em Milão, na Itália. Em nota, o advogado do casal, Eduardo Pizarro Carnelós, negou as acusações de Herencia. Carnelós confirma que Neschling é sócio minoritário da PMM, mas alega que a empresa é contratada pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC) e não pelo teatro, servindo "apenas para que Neschling desempenhe suas atividades de diretor artístico". Segundo o advogado, "a empresa jamais atuou na contratação de artistas estrangeiros".
O IBGC é investigado pela gestão dos contratos do Theatro Municipal. Seu antigo diretor-geral, William Nacked, também compareceu à sessão desta quarta. Nacked exerceu seu direito de silêncio e não respondeu às perguntas levantadas pelos vereadores da CPI. Ele pediu que os parlamentares lhe enviassem os questionamentos para respondê-los em outra ocasião, por escrito.