quinta-feira, 30 de junho de 2016

Em acordo com Senado, Temer quer retomar obras inacabadas

Painel - Folha de São Paulo


É o que tem para hoje Sem tempo e sem dinheiro, o governo interino quer se debruçar sobre projetos inacabados como forma de reativar a economia. Temer acertou com Renan Calheiros o lançamento de um relatório com as obras atualmente paradas no país para, junto com governadores, pinçar o que pode ser concluído até 2018. Um acordo deve ser fechado na terça (5). São mais de 20 mil obras inacabadas, diz o Senado. Com um mandato tampão, Temer não conseguiria entregar nada lançado em sua própria gestão.
Vitrine Otto Alencar (PSD-BA), que foi contra o impeachment de Dilma Rousseff, será indicado para assumir a frente do projeto — um pequeno estímulo para que o senador, próximo de Jaques Wagner, reveja seu voto.
Terreno minado Apesar da reverência de Temer ao Senado, reduto do processo de impeachment, a Casa tem levado dor de cabeça ao Palácio do Planalto: vieram de lá o imbróglio sobre a Lei das Estatais e a insistência pelo veto à abertura de 100% das aéreas ao capital estrangeiro.
Mistério Quem conhece a política afirma que a resistência dos senadores não tem nada a ver com o mérito das medidas e sim com insatisfações paroquiais aqui e ali.
Tudo junto Marx Beltrão (PMDB-AL), cotado para o Turismo, não tem simpatia só de Renan. Ele se firmou com apoio do chamado “G15” da bancada na Câmara, que reúne deputados de vários Estados e bateu de frente com os mineiros pela indicação.
Festa Em prisão domiciliar desde 2015, o lobista Fernando Soares, o Baiano, leva vida social agitada. Faz diversos jantares em sua cobertura na Vieira Souto, no Rio. Baiano aproveita que saiu do foco para ver amigos e advogados.
Tartaruga André Moura, líder do governo na Câmara, diz que partiu dos aliados o pedido para desacelerar a tramitação dos projetos anticorrupção. Na semana que vem, sugerirá que as medidas sejam incluídas na comissão especial que já analisa o tema.
Bota fora Esquecida desde o governo Lula, a Política Nacional de Inteligência, que orienta as ações dos órgãos do governo na área, deixará os escaninhos do Planalto.
Mira Em época de Lava Jato e Olimpíada, o texto põe corrupção e terrorismo entre as principais ameaças ao país.
Pior que real A moeda de troca da renúncia de Eduardo Cunha perde valor a cada dia. Dos 66 integrantes da CCJ, o governo aposta que o deputado tenha apenas entre 27 e 28 votos. “O dólar dele, hoje, está valendo somente ‘40 cents’”, diz um aliado.
Do grego estratégia O peemedebista, porém, tem se beneficiado da polêmica sobre o relator de seu caso na comissão: quanto mais briga por lá, maior a chance de seu pedido de cassação chegar ao plenário após 15 de julho, quando a Câmara se esvazia.
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Escritura O site da Igreja Casa da Bênção, frequentada por Cunha, registrou uma de suas visitas. No culto, ele disse sentir “como Daniel na cova dos leões”, em referência ao trecho bíblico na qual um homem é jogado às feras por se manter fiel ao seu Deus.
Caixa de pandora O registro no site diz ainda que “Cunha hoje é o ACM ontem: conhecedor dos graves pecados de seus adversários”.
Costurando pra fora O PSDB paulistano recebeu pedido de expulsão de seis dos nove integrantes da Executiva do partido. Suspeita-se que estejam apoiando Andrea Matarazzo (PSD) à Prefeitura de SP. Alguns deles ainda trabalham no gabinete do vereador, ex-tucano.
On the road Sem dinheiro para pagar pesquisas e assessores, Luís Tibé, presidente do PT do B e pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte , botou um ônibus para rodar a capital mineira ouvindo eleitores. Vai formular, assim, sua proposta de governo.
CONTRAPONTO
Seguro morreu de velho
Amigos de longa data, os criminalistas Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Marcelo Nobre jantavam em Brasília quando Guilherme Palmeira, ex-ministro do Tribunal de Contas da União, aproximou-se.
À mesa, num tradicional restaurante da cidade, Palmeira cumprimentou Kakay e, em seguida, brincou:
— Sabia que já pensei até em cometer um delito só para tê-lo como advogado?
Ao ver Nobre, que faz a defesa de Eduardo Cunha na Câmara, aproveitou para ficar bem com os dois:
— Mudei de ideia! Se cometesse eventual irregularidade, contrataria o Marcelo!