Taís Mendes, Paulo Roberto Araújo e Bruno Amorim - O Globo
Até domingo são esperados 70 mil argentinos na cidade para acompanhar a final da Copa do Mundo
Bandeiras e camisas de futebol colorem todo o espaço de azul e branco. Churrasco e chimarrão - dois importantes costumes - dão o sabor dessa pequena argentina, no Terreirão do Samba, que alcançou sua lotação após a classificação da seleção dos hermanos para a final da Copa, que acontece no Maracanã. Até domingo são esperados 70 mil argentinos na cidade, a maioria deve ficar na Apoteose, já que não há mais espaço no Terreirão.As músicas e hinos cantados em espanhol podem ser ouvidas por quem passa do lado de fora do Terreirão do Samba. E quem entra no local, cedido pela prefeitura, encontra muita sujeira entre as barracas e carros estacionados, apesar do esforço de seis pessoas a serviço da prefeitura que se revezam na limpeza.
- Estão sujando muito. Passam fezes nas paredes do banheiro, vomitam nos bebedouros e produzem muito lixo, principalmente garrafas de cachaça, que bebem desde cedo - disse um dos funcionários responsável pela limpeza.
Os funcionários da segurança reclamam das constantes brigas que acontecem à noite:
- Tem muita briga, principalmente, colombiano e argentino. Teve até garrafada na cabeça. Um colombiano teve perna cortada e foi levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar. O problema é que os argentinos querem que os colombianos deixem o Terreirão. Eles começam a cantar o hino da seleção argentina e acabam criando confusão.
Para garantir alimentação de tantos hermanos, alguns barraqueiros estão vendendo café da manhã, almoço e jantar. Eles também vendem cerveja, caipirinha e refrigerante. Kátia Barbosa, que está há 20 dias trabalhando no local, disse que consegue faturar entre R$100 e R$200 por dia. Mas ela também reclama do comportamento dos seus clientes.
- Na quarta-feira ficamos trabalhando até de madrugada. De noite tem briga, sangue e faca. Os argentinos brigam com colombianos e chilenos, além disso, ficam nos afrontando, falando mal do Brasil e da nossa seleção - disse.
Para ajudar na comunicação com os clientes, Kátia conta com o uruguaio Giani Caregnani que fala inglês, espanhol e português:
- Eu conheci a Kátia e as filhas dela, que são de Mesquita, e estou ajudando muito. Isso é bom, porque perdi meus documentos e não posso ir embora da cidade até os novos ficarem prontos - disse o jovem, que levou 55 dias para chegar ao Rio de bicicleta - ele pedalava seis horas por dia.
FALTA DE ESPAÇO
O Terreirão do Samba não está sendo suficiente para abrigar os estrangeiros acampados no local. Na manhã desta quinta-feira, pelo menos 12 carros estão parados do lado de fora, na Rua Benedito Hipólito. Um ônibus e um motorhome estão estacionados na contramão da via. Nos veículos, há casais com filhos. Alguns deles dormiram dentro dos carros. Agentes da CET-Rio orientam aos motoristas dos motorhomes que eles devem ir para o Sambódromo. Já os carros particulares, que são a maioria, são orientados a procurar um estacionamento.
Em função da vitória da Argentina na semifinal, a prefeitura vai abrir nesta quinta-feira a Praça da Apoteose para o estacionamento dos motorhomes, uma vez que o Terreirão do Samba já está com sua capacidade máxima (com 140 veículos). Os ônibus de fretamento serão encaminhados para o Fundão pela CET-Rio.
O secretário estadual de Turismo, Cláudio Magnavita, está pedindo às prefeituras de Niterói e Petrópolis que abram espaços para receberem os turistas. Em Niterói, no Caminho Niemeyer, que fica no Centro, e em Petrópolis, no Parque de Exposições Itaipava. Ambos lugares têm estrutura para receberem motorhomes.