Blog Ricardo Setti - Veja
VAI UMA MÃOZINHA AÍ?
Problemas de Hillary: parecer mulher comum sendo milionária e trair Obama sem dar a impressão de que imita o marido
Nota de Vilma Gryzinski publicada na seção “Panorama” de edição impressa de VEJA
Reposicionar a imagem, afinar a narrativa, ocupar todos os espaços disponíveis. Seja lá como se chame, Hillary Clinton está fazendo de tudo, com o olho cravado na Casa Branca – até um netinho a caminho e uma reestruturação facial, dizem os mais pérfidos.
A eleição presidencial americana é em novembro de 2016 e, quanto mais perto fica, menor o favoritismo de Hillary. Tinha 70% das preferências em 2012, baixou para 56% em março e chegou a 52% agora. Hillary precisa se afastar do governo Obama, em processo de desmanche, sem parecer que está apunhalando pelas costas o homem que lhe confiou a chefia da política externa, até o começo do ano passado.
Apunhalar com um sorriso simpático, mentir como advogado de porta de cadeia e, ainda assim, cativar o eleitorado são características que ela não herdou do marido, Bill Clinton. Em compensação, tem uma imagem de seriedade e competência – e nem um único adversário oposicionista viável até agora. Só precisa vigiar a língua.
Divulgando um novo livro – pagamento de nada menos que 14 milhões de dólares -, queixou-se de que ela e o marido saíram “totalmente falidos” da Casa Branca. O casal tinha dívidas com advogados (rebarba do caso Monica Lewinsky), mas hoje é multimilionário; só em palestras como ex-presidente, ele faturou mais de 100 milhões de dólares.
A maior mancha no currículo de Hillary decorre do assassinato do embaixador e mais três cidadãos americanos, no ataque de 2012 em Bengasi, pela inação do governo e pela tentativa de encobrir as circunstâncias. A captura do líder do bando terrorista líbio, Ahmed Abu Khatalla, poderia ajudar, se não se soubesse que o sujeito vivia à vontade em Bengasi, dando entrevistas. Uma delas acompanhada por frapê de morango.