O Globo
Tem gente que acredita: no gabinete do presidente, há uma fonte de ondas eletromagnéticas que alteram o funcionamento do cérebro dos seus ocupantes. Essa energia infla-lhe os egos, levando-os a dizer coisas em que só os áulicos da Casa fingem que acreditam.
Ao empossar o novo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, no lugar de César Borges, a doutora Dilma disse o seguinte:
“Estamos fazendo uma pequena reorganização no time que toca a infraestrutura logística do governo, estou realocando as melhores pessoas em funções diferentes, ainda que semelhantes na essência e nos princípios”.
Será que a doutora pensa que alguém acredita nisso, inclusive nos “princípios”? Borges foi defenestrado por exigência do PR, que nem assim saciou-se.
Outro dia, ela incluiu os recursos de custeio da máquina no que seria o investimento de seu governo na Educação. Já aconteceu um caso em que a doutora disse que tinha como meta entregar 8.685 creches. Quando o número foi destrinchado, ofendeu-se: “Minha meta é seis mil creches. Quem foi que aumentou para oito mil?”. Ela.
Lula chegou a dizer que, “quando Napoleão foi à China pela primeira vez”, previu seu grande futuro, e que Oswaldo Cruz “criou a vacina contra a febre amarela”. Não estava querendo enganar ninguém. Eram bobagens mesmo.
Presidentes temperamentais dizem o que querem, e os áulicos aprendem a fingir que concordam. O exemplo clássico dessa espécie foi o general João Figueiredo. Chegou a alimentar a construção de uma prorrogação do seu mandato de seis para oito anos. Tivera um infarte, pusera duas safenas e uma mamária, padecia de dores na coluna e adquirira horror ao batente, mas no palácio ninguém o chamava para a realidade. Resultado: elegeu Tancredo, o avô de Aécio Neves.