Combate à corrupção sempre fez parte das campanhas eleitorais de todos os candidatos em todos os tempos. Mas a cúpula petista escolheu uma forma peculiar de tratar o tema. Impossibilitado de esconder crimes cometido pelos seus, o ex Lula lançou um sinistro campeonato, uma Copa da corrupção, em que aqueles que antecederam o PT teriam sido ainda mais corruptos. Uma versão reciclada do “sou, mas quem não é?”.
Em Salvador, onde esteve na sexta-feira para o lançamento da candidatura do deputado Rui Costa ao governo do Estado, Lula citou números de inquéritos de seu antecessor, a quem acusou de ter comprado votos para aprovar a reeleição. Discurso semelhante foi feito pela manhã, no Rio, pelo ministro Gilberto Carvalho.
Em dobradinha, Lula e Carvalho buscam exorcizar os escândalos que baquearam e continuam a queimar o patrimônio eleitoral petista. E eles têm pressa. Precisam, como disse Lula, dar “argumentos de mesa de bar” para os militantes.
No rol, listam os casos da “Pasta Rosa” e do “Sivam”, que dizem ter sido engavetados pela Procuradoria-Geral da República. Ingredientes que parecem requentados e insossos diante do menu de descalabros acumulados nesta década.
Além de justificar os próprios pecados com os do alheio, o esconjuro petista inclui atribuir à mídia - porta-voz das elites - todos os males que os cercam. E, no avesso do avesso, querem fazer crer que não foi a corrupção que aumentou e sim os mecanismos de investigação. Para tal, constroem a história como lhes convém, a exemplo do que fez o ministro Carvalho ao atribuir ao PT a criação da Controladoria Geral da União (CGU), estabelecida em 2001 por Fernando Henrique Cardoso, pela Medida Provisória 2.143-31, alterada por Lula no primeiro dia de seu mandato.
Se hoje a CGU orgulha tanto o governo a ponto de roubar a sua autoria, à época ela foi duramente combatida pelo PT. O partido dizia que, com a CGU, Fernando Henrique queria impedir CPIs e abafar denúncias de corrupção.
Lula e o ministro Cardoso sabem que a tarefa de inverter os polos da história é árdua. Principalmente quando os adversários são os fatos. Mas não vislumbram outra alternativa frente ao farto cardápio de escândalos que, certamente, será servido ao público por seus opositores.
A atitude de ambos faz lembrar a lenda do político mineiro Murilo Badaró, que teria tentado aliviar a sua condição de senador sem votos batizando de Biônica a cachaça que produzia em sua fazenda. Por um tempo, pareceu dar certo. Mas, como não se pode brigar com os fatos, a excelente qualidade da caninha alambicada em sua terra natal, Minas Novas, no Alto Jequitinhonha, não deu conta de perdoar a sua bionicidade. Nem mesmo nas mesas de bar.