domingo, 1 de junho de 2014

Marinho foi um dos grandes jogadores da história do Botafogo

Era o ano de 1972. Sete de setembro. O Botafogo tinha um time muito forte, com Jairzinho, Paulo César Caju, Nei Conceição, Britto, Leônidas, Fisher, Zequinha... Treino, General Severiano com público de jogo. Era feriado.

A maioria dos jogadores já estava em campo batendo bola. Um dos últimos jogadores a entrar em campo foi Marinho*. Com uma daquelas roupas que o jogador usa para 'perder' peso, não o reconheci.



Subiu para o gramado fazendo 'embaixada'. Bola de um pé para outro, para a cabeça... Chegou ao centro do campo sem perder o controle da bola. Dominando-a com o capricho que só os craques que têm muita intimidade com ela se permitem.

Perguntei a um jornalista que estava ao meu lado:

- Quem é esse cara?

- Marinho, cara. Veio lá do Náutico, de tua terra.

(meses antes, o cantor Agnaldo Timóteo, botafoguense de carteirinha, o viu atuar pelo Náutico e o recomendou à diretoria do Botafogo)

Marinho era folgado. Mal acabara de chegar ao Rio para jogar no Botafogo, num time de estrelas e por onde haviam passado Garrincha, Didi, Nilton Santos, Zagalo, Quarentinha, Manga Amarildo e, irreverente, exibia para os novos companheiros e jornalistas - alguns dos mais notáveis da crônica esportiva foram botafoguenses, como João Saldanha e Armando Nogueira - porque estava no Botafogo e logo estaria na seleção.

Marinho morreu hoje aos 62 aos.

Recentemente, um jornalista pediu que eu escalasse o Botafogo de todos os tempos. Não tive dúvida: Desloquei o grande Nilton Santos - este era gênio e jogava em qualquer posição - para a 'quarta' zaga e coloquei Marinho no 'Botafogo Eterno'.

*Na Copa de 1974 virou Marinho Chagas. Havia outro Marinho na seleção, um zagueiro de área.