A convenção nacional do PSB marcará o início de um novo ciclo na campanha presidencial do partido. Até aqui, o candidato Eduardo Campos e sua vice Marina Silva fizeram campanha, por assim dizer, de mãos dadas. A partir deste sábado (28), a dupla correrá o país separadamente. A coincidência de agendas passará a ser exceção, não regra. Haverá também ajustes no discurdo do cabeça de chapa.
A decisão de apartar os compromissos foi tomada numa conversa reservada que Campos teve com Marina há dois dias. Concluíram que, separados, além de cobrir um território maior, evitam atritos que marcaram a fase de pré-campanha. Campos fica liberado para assumir parcerias estaduais que a Rede desaprovou. E Marina se desobriga do convívio com personagens que destoam do seu discurso renovador.
Busca-se contornar constrangimentos como o que ocorreu em recente viagem ao interior do Paraná. Campos e Marina cumpriram vários compromissos juntos. Mas a vice se esquivou de participar de um encontro no qual o titular selou o apoio do PSB à reeleição do governador paranaense Beto Richa, do PSDB. O noticiário realçou só a divergência. Algo que seria potencializado com a intensificação da campanha.
Quanto ao discurso, Campos ajustará o conceito de “nova política” à realidade do seu PSB, que não coincide com a filosofia da Rede de Marina. Com jeito, sem desmerecer a política baseada nos bons sentimentos, Campos entoará uma pregação mais pragmática. Deseja apresentar-se como um candidato interessado em mudar as coisas, não em salvar a própria alma das impurezas do meio.
De acordo com relatos de seus operadores, Campos vai escorar sua estratégia em duas linhas de ação. Numa, ele se apresentará como único candidato capaz de bater Dilma Rousseff num eventual segundo turno. Noutra, enfatizará que, eleito, terá condições de unificar o país, aproveitando em seu governo inclusive o que há de melhor nos quadros do PT e do PSDB, duas forças irreconciliáveis.
Ajustam-se a esse figurino coligações como as que o PSB firmou em São Paulo, com o PSDB de Geraldo Alckmin; e no Rio de Janeiro, com o PT de Lindbergh Farias. De resto, o próprio Campos torna-se em presidenciável menos desconexo. No seu esforço para se ajustar a Marina, vinha se tornando uma caricatura dela. Na nova versão, pretende enaltecer a Rede sem anular a autonomia do PSB.