segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Vídeo quase clandestino: black bloc é linchado pelo “povo”

Um vídeo quase clandestino: um black bloc é linchado pelo “povo”; promotor de eventos diz em cima do palco: “Vamos dar porrada neles”

Blog Reinaldo Azevedo - Veja

Pois é… Se a Polícia Militar não pode agir porque passa a ser tratada pela imprensa como bandida, a população começa a tomar a tarefa para si. Sim, leitor amigo, esse é o pior dos mundos. Vejam este vídeo, feito pelo Estadão, mas quase clandestino. Sei lá por quê, a página online do jornal decidiu não lhe dar a devida visibilidade. Volto em seguida.
 


Como se vê, um adepto da tal tática black bloc é descoberto por pessoas que estavam presentes a um show de black music. Na Praça da República. O rapaz é severamente espancado, linchado mesmo. Em sua mochila, a polícia encontrou um estilingue, quatro sacos de bolinhas de gude, um capacete preto, um par de luvas e máscaras. É, como se sabe, o uniforme dos black blocs.
 
Reitero: numa democracia, as forças de segurança, incluindo as polícias, detêm o monopólio do uso da força. Se, por qualquer razão, o estado se mostra ineficiente para cumprir o seu papel, a sociedade, de forma desorganizada, toma essa tarefa para si. E, aí, meus caros, vira a luta de todos contra todos.
 
A população de São Paulo e de boa parte das grandes cidades brasileiras não suporta mais esses caras.
 
É claro que não endosso a selvageria. Mas pergunto: não é exatamente essa a linguagem dos black blocs? A do confronto? A da violência? Se os seguranças não tiram aquele infeliz de lá, é evidente que ele teria morrido. A irresponsabilidade de certas áreas do Poder Público, da imprensa, do Ministério Público e da Defensoria acabará produzindo cadáveres.
 
Assim não, senhor William Santiago

E cumpre censurar também severamente a fala do sr. William Santiago, o tal que, sobre o palco, afirma:

“Nós demoramos muito para ter esse espaço; um espaço nosso, da black music, dos nossos afrodescendentes. Se eles ciscarem por aqui, vamos dar porrada neles. Vamos dar porrada. Eles não entram mais aqui”.
 
É evidente que o caminho não é esse. É evidente que não é com o estímulo á violência e à pancadaria que as coisas se resolvem. E agora uma questão que diz respeito ao jornalismo.
 
Jornal Nacional?

Um vídeo como esse merece ou não ir para o Jornal Nacional? Alguém dirá, cheio de prudência: “Melhor não! Pode incentivar a população a quebrar esses caras”. Entendo. Mas tenho de perguntar: quando as TVs — não só a Globo — cobrem muitas vezes ao vivo os atos terroristas desses vândalos, dando-lhes visibilidade, não estaria contribuindo para lhes conferir uma importância política que não têm? É uma questão a ser pensada. Tudo o que eles querem é um “assinatura” na baderna.
 
Escrevi aqui no dia 23 para protesto de alguns: “A população de São Paulo — ESPECIALMENTE OS MAIS POBRES — gosta é de ordem e de polícia cumprindo a sua função. Quem gosta de bagunça é subintelectual do miolo mole, militantes de esquerda e, infelizmente, alguns coleguinhas.”
 
Muita gente protestou. Nesse mesmo texto, aconselhei:

“As redações deveriam enviar seus repórteres para fazer um treinamento intensivo com o “povo” — mas povo mesmo, de verdade, o que exclui as entidades e ONGs de militantes usurpadores, que pretendem falar em seu lugar.”