terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Governo Dilma financiará mais R$ 700 milhôes a ditadura de Castro

Brasil financiará mais R$ 700 mi a Cuba

Valor é anunciado por Dilma Rousseff, que inaugurou porto construído próximo de Havana com crédito brasileiro
Em discurso, presidente critica embargo dos EUA e diz que Brasil quer ser 'parceiro econômico de primeira ordem' de Cuba
 
PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL A HAVANA - Folha de São Paulo

Ao lado do ditador cubano, Raúl Castro, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem um investimento adicional de US$ 290 milhões (R$ 701 milhões) na zona econômica especial do porto de Mariel, dos quais 85% virão de crédito do BNDES e os restantes 15% serão a contrapartida do governo cubano.

"O Brasil quer se tornar parceiro econômico de primeira ordem de Cuba", disse Dilma. Raúl agradeceu à presidente "por ajudar neste projeto transcendental para a economia nacional".

As gruas do porto, inaugurado ontem, foram enfeitadas com bandeiras do Brasil e de Cuba. Mariel terá capacidade inicial de 1 milhão de contêineres por ano e, quando concluído, serão 3 milhões.

A Folha apurou que o financiamento anunciado por Dilma ainda não havia dado entrada no BNDES e está sob negociação em nível ministerial. O crédito seria para a retroárea do porto, como pátios de estocagem. Em nota, o PSDB cobrou transparência sobre a operação.

O Brasil já fornecera um crédito de US$ 802 milhões (R$ 1,92 bilhão) para a construção do porto de US$ 957 milhões, inaugurado ontem por Dilma.

Dos US$ 802 milhões iniciais, US$ 682 milhões (R$ 1,63 bilhão) foram entregues à Odebrecht, que lidera as obras, e outros US$ 120 milhões (R$ 288 milhões) a outras empresas brasileiras.

Em seu discurso, Dilma afirmou que Cuba sofre "um embargo econômico injusto".Ela também comemorou a reintegração do país a organismos internacionais: "Somente com Cuba nossa região estará completa."

O embargo dos EUA a Cuba vigora desde os anos 1960. Dentre as medidas, proíbe a venda de produtos com mais de 10% de componentes americanos para a ilha.

Dilma afirmou ainda que já há empresas brasileiras interessadas em investir na zona econômica especial. No fim de março, a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) vai levar a Cuba uma missão de empresários interessados em investir.

Segundo a Folha antecipou, a Odebrecht estuda instalar uma fábrica de transformação de plásticos no local. O porto de Havana está transferindo suas atividades para Mariel e passará por revitalização, nos moldes de Puerto Madero, em Buenos Aires.

De Mariel, que fica a 45 km de Havana, Dilma seguiu para o Palácio da Revolução, sede do governo cubano. No almoço, ela e Raúl comeram perna de cabrito recheada com queijo feta e aspargos, além de musse de maçã com merengue. Na capital, Dilma ainda poderia se encontrar com Fidel Castro em sua casa, o que não ocorrera até a conclusão desta edição.

MAIS MÉDICOS
 
Por volta das 19h locais (22h de Brasília), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que faz parte da comitiva de Dilma, participaria de uma cerimônia para marcar o embarque de mais 2.000 médicos cubanos ao Brasil nesta semana e para assinar acordos para transferência de tecnologia em fármacos.