Crescimento baixo do Brasil afeta parceiros, diz Moody’s
- Turquia enfrenta fuga de dólares, e banco central do país pode elevar juros
Bruno Villas Bôas - O Globo
Com agências internacionais
O baixo ritmo de crescimento da economia brasileira pode impactar a avaliação de países vizinhos como Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia, informou a agência de classificação de risco Moody’s. Em relatório, a agência afirma que os países com uma relação comercial mais intensa com o Brasil - dos quatro, os três primeiros são membros do Mercosul - estão mais expostos ao “contágio” do baixo crescimento, embora frise que os efeitos são bastante limitados no restante da América Latina.
O Brasil deve crescer 1,9% na média do período de 2011 a 2014, segundo a Moody’s, ritmo inferior aos 4,8% registrados entre 2004 e 2008 e bem abaixo de seu potencial, de 3% ao ano. Esse foi, inclusive, um dos fatores que levaram a agência a reduzir a perspectiva do rating brasileiro de “positiva” para “estável” em setembro. Jaime Reusche, analista da equipe de risco soberano da Moody's, sediado em Nova York, diz que o crescimento persistentemente fraco do Brasil tem um “impacto potencial significativo" para a Argentina, já que pode “minar uma já fraca dinâmica de crescimento".
- Embora dependa mais de sua economia interna para crescer, a Argentina tem o Brasil como destino de 20% de suas exportações. E como a Argentina tem uma economia em forte desaceleração, o baixo crescimento do Brasil será um fator importante para o rating do país - explica Jaime.
Nesta segunda-feira, em mais um sinal da aversão generalizada a ativos de mercados emergentes, a lira turca abriu em forte queda e só mudou de direção após um anúncio de reunião extraordinária do Banco Central da Turquia - a instituição pode elevar a taxa de juros para estancar a fuga de dólares, que ameaça as reservas do país. O anúncio provocou alta de 2,33% da moeda turca, segundo dados da Bloomberg.
A lira turca foi segunda divisa mais afetada pela onda de vendas da semana passada, perdendo 4,4% contra o dólar, atrás apenas do peso argentino, que recuou quase 13%.