quarta-feira, 21 de março de 2018

Pela terceira vez em menos de um mês, integrantes do covil luloptista vão ao STF defender Lula



Comitiva de parlamentares aliados de Lula em frente ao Supremo Tribunal Federal - Ailton de Freitas / Agência O Globo


André de Souza, O Globo



Pela terceira vez em menos de um mês, parlamentares do PT e outros partidos de oposição foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira para tratar de processos que podem levar à liberdade de condenados em segunda instância, caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro desta quarta, reunindo deputados de PT, PCdoB e PSB, foi com o ministro Edson Fachin, relator do habeas corpus apresentado pela defesa de Lula.


Mas segundo o deputado Wadih Damous (PT-RJ), porta-voz do grupo, a prioridade agora é o julgamento de outras duas ações que tratam do tema sem focar num caso específico, e que são relatadas pelo ministro Marco Aurélio Mello.

As duas reuniões anteriores foram com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, que resiste em pautar as ações no plenário da corte. Lula poderá ser preso na semana que vem, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre, julga um recurso dele. O TRF4, que integra a segunda instância da Justiça brasileira, o condenou a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.
— Nós pontuamos a ele (Fachin) que essa questão da presunção de inocência, que é um tema magno na Constituição, do nosso ponto de vista, constitui cláusula pétrea, não pode ser fulanizado, porque envolve o destinho de milhares de pessoas no Brasil que eventualmente tenham condenação em segunda instância. O melhor caminho para o enfrentamento dessa questão que é tão tormentosa é a pauta das ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que estão aguardando pauta no Supremo Tribunal Federal — disse Damous.

Segundo ele, Fachin "concordou plenamente". Nessas duas ADCs, o STF negou, por seis votos a cinco, em outubro de 2016, liminares que permitiriam o cumprimento da pena somente após o trânsito em julgado, ou seja, quando todos os recursos se esgotassem. 

Com isso, ficou definido que seria permitida a prisão após condenação em segunda instância. Mas foram decisões provisórias. Em dezembro de 2017, Marco Aurélio liberou as ações para julgamento no plenário, mas a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, resiste em pautá-las.

Um dos ministros do lado vencedor em 2016, Gilmar Mendes, mudou de entendimento desde então. Agora ele acha que o melhor é executar a pena somente depois de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que funcionaria como uma terceira instância. Seria uma meio termo entra o entendimento atual (prisão após segunda instância) e o que vigorava antes de 2016 (prisão após trânsito em julgado).

— Foi uma maioria muito apertada, de seis a cinco. E diversos ministros que não se conformam com esse entendimento monocraticamente têm concedido ordem de habeas corpus. Isso traz insegurança jurídica, traz a crise política em curso no Brasil para dentro Supremo. O fundamental é que o Supremo defina isso no controle concentrado e abstrato de constitucionalidade que a ação da Ordem dos Advogados do Brasil permite. Ele disse que é um aliado junto à presidente Cármen Lúcia no sentido de pautar imediatamente essas ADCs — disse Damous.

Em relação ao habeas corpus de Lula, que poderia ser analisado no plenário do STF independentemente das ADCs, Fachin e Cármen Lúcia jogam um para o outro a responsabilidade de levá-lo a julgamento.

— O ministro Fachin disse que está pronto para votar esse habeas corpus. Já apresentou o relatório. Basta a presidente Cármen Lúcia também apregoar e permitir o julgamento do habeas corpus. Mas reitero: o melhor caminho é a ação declaratória de constitucionalidade. A nossa expectativa, todos nós aqui e do próprio ministro Fachin, é de que nesses dias, entre hoje e amanhã, a ADC será pautada — afirmou Damous.