João Sorima, O Globo
Com a valorização de 1,88% do dólar em fevereiro, os fundos cambiais ofereceram ganho de 1,76% aos investidores, até o último dia 23. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), foi o melhor retorno entre as aplicações no mês passado.
— O dólar se valorizou com a perspectiva de que o banco central americano, o Federal Reserve (Fed), eleve os juros quatro vezes e não três, como o mercado previa anteriormente. A inflação americana está subindo, e o novo presidente do Fed, Jerome Powell, mostrou um discurso mais agressivo em relação à política monetária — disse Ricardo Gomes, superintendente de câmbio da corretora Correparti.
Segundo a Anbima, os fundos de ações índice ativo, em que os gestores tentam superar o desempenho do Ibovespa, tiveram valorização de 2,39%, até o dia 23. Mas o levantamento não captou as fortes quedas do Ibovespa nos últimos dois dias, o que deverá afetar o desempenho desses fundos no fechamento do mês.
No cenário doméstico, também pesaram a favor da alta do dólar o fracasso da reforma da Previdência e o rebaixamento da nota de crédito do país pela agência de classificação de risco Fitch, a segunda a piora na avaliação do país, depois da Standard & Poor’s, em janeiro.
— Embora esses dois eventos já tivessem sido precificados pelo mercado, também ajudaram na valorização da divisa americana — avaliou Gomes.
Entre as outras aplicações, os fundos de ações livres, em que o gestor tem liberdade para alocar recursos em papéis que considera com maior potencial de valorização, subiam 1,69%, também até o dia 23, antes da queda da Bolsa na reta final de fevereiro. Os fundos de renda fixa ofereciam ganho de 0,38% no mês, refletindo a queda da taxa Selic, que está em 6,75% ao ano, o menor patamar histórico dos juros no país. Já os fundos multimercado, que aplicam recursos em moedas, juros e ações, subiram 0,67% no mês.
Fundos de ações lideram
No ano, os fundos de ações ainda continuam sendo os detentores dos melhores ganhos.
Os fundos de ações índice ativo subiram 12,20%, e os de ações livres ganharam 8,82%, ambos até o dia 23, ainda sem refletir a queda do Ibovespa no fim de fevereiro. Mesmo descontada essa queda, o desempenho continua sendo superior aos demais investimentos.
No ano, os fundos de renda fixa oferecem ganho de 0,95%; os multimercados têm ganho de 2,87%, e os cambiais têm desempenho negativo de 1,64%.
— Nada mudou no cenário mundial, e o apetite por risco continua em alta. As quedas registradas nas Bolsas americanas, que se refletiram nos demais mercados, foram apenas um ajuste e não mudaram a tendência de alta das Bolsas — avalia o economista da Sul América Investimentos, Newton Rosa.
Segundo levantamento do administrador de investimentos, Fabio Colombo, o ouro se valorizou 3,68% em fevereiro; os CDBs tiveram rendimento médio na faixa entre 0,35% a 0,45% devido a estabilidade dos juros futuros e a poupança ofereceu ganho de 0,40% no mês passado.
Nesta quarta-feira, a Bolsa brasileira fechou com recuo de 1,82% aos 85.353 pontos, mas o Ibovespa ainda fechou o mês com valorização de 0,52% e, no ano, sobe 11,72%. O dólar comercial, por sua vez, fechou com leve queda de 0,18%, cotado a R$ 3,244.