Ana Paula Ribeiro, O Globo
O lucro líquido do Bradesco, o segundo maior banco privado do país, avançou 11,1% para R$ 19,024 bilhões em 2017. O valor se refere ao resultado recorrente, ou seja, inclui eventos extraordinários, como a consolidação do HSBC Brasil, adquirido em 2016. Já o lucro contábil ficou em R$ 14,659 bilhões, um recuo de 2,8%. No decorrer do ano passado, a instituição financeira ainda sofreu com o recuo de 4,3% da carteira de crédito. Para esse ano, no entanto, espera a retomada mais forte das concessões, o que fará com que o saldo do total de empréstimos tenha um acréscimo entre 3% e 7%.
— O ano de 2017 foi o que deixou a recessão para trás. O crédito começou a reagir, principalmente no último trimestre, depois de um processo doloroso provocado pela recessão, que causou a desalavancagem das empresas e famílias. Os nossos guidances (projeções) mostram que vemos uma volta da demanda — afirmou, em teleconferência a jornalistas, o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco.
No quarto trimestre, o lucro líquido de foi de R$ 4,862 bilhões, alta de 10,9% frente a igual período de 2016.
Na comparação com o terceiro trimestre, o aumento foi de 1,1%. Nesse mesmo período, o crédito avançou 1,2%, em especial nas linhas destinas à pessoas físicas e pequenas e médias empresas.
Na terça-feira, foi divulgado o resultado do Santander Brasil, o terceiro maior privado e o maior estrangeiro em atuação no país. O banco teve lucro líquido gerencial de R$ 9,953 bilhões em 2017, o maior da história da instituição no país, com aumento de 35,6%.
Na avaliação de Trabuco, as eleições não devem ser um fator que impeça a retomada do crescimento do crédito no país. Para ele, o importante é que o compromisso com o controle fiscal é algo que está na agenda do Brasil.
— As eleições são um fator de criação de volatilidade. Depois da recessão, temos uma nova agenda em movimento — avaliou.
GRANDES EMPRESAS
O Bradesco continua a mostrar uma melhora na qualidade da carteira de crédito. A taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) ficou em 4,67% em dezembro, ante 4,77% em setembro e 5,5% em igual mês do ano anterior. No entanto, no segmento de grandes empresas, essa melhora ainda não aconteceu. A inadimplência era de 1,2% em dezembro de 2016, de 1,80% em setembro e no último mês do ano subiu para 1,89%.
— Vemos uma tendência favorável, com a redução em vários segmentos. Em grandes empresas houve um pequeno crescimento, mas acreditamos que é algo limitado a poucos casos. Em 2018, deve ocorrer uma melhora, em especial no segundo semestre — explicou Carlos Firetti, diretor de Relações com Investidores.
O crescimento da carteira de crédito esperado para o ano, entre 3% e 7%, também não contará com a ajuda das grandes empresas. A expectativa é que as linhas destinados a pessoas físicas e a pequenas empresas lideram o aumento das concessões.
A carteira de crédito do Bradesco chegou a dezembro a R$ 492,931 bilhões, um recuo de 4,3% no ano. As grandes empresas respondem por R$ 225,248 bilhões desse total, uma queda de 6,3%.
Ainda dentro das projeções para o ano, o banco espera que a margem financeira de juros (o ganho dos bancos com as operações de crédito e outras atreladas a juros) terá variação entre queda de 4% e estabilidade. A queda da Selic e um dos fatores para essa queda na margem, assim como uma carteira de crédito ainda em patamares baixos.
Em relação as receita com serviços, o banco espera um crescimento de 4% a 8%. Em 2017, as receitas totalizaram R$ 8,062 bilhões, uma alta de 4,2% - comparação que considera pró-forma para considerar os resultados do HSBC Brasil.
As despesas com provisões para perdas com inadimplência mais impairment, menos recuperação de crédito, devem ficar entre de R$ 16 bilhões a R$ 19 bilhões neste ano, previu o Bradesco. No ano passado, essa despesa ficou pouco abaixo de R$ 21 bilhões.
O Bradesco previu nesta quinta-feira que terá um crescimento de 3% a 7% de sua carteira de crédito expandida em 2018.
As estimativas também indicam que a margem financeira de juros neste ano terá variação entre queda de 4% e estabilidade e que a receita com serviços avançará de 4% a 8%.
As despesas com provisões para perdas com inadimplência mais impairment, menos recuperação de crédito, devem ficar entre de R$ 16 bilhões a R$ 19 bilhões neste ano, previu o Bradesco.