Jamil Chade, O Estado de S.Paulo
GENEBRA – A Suíça sanciona um de seus bancos pela participação no escândalo da Operação Lava Jato. Nesta quinta-feira, 1, a FINMA (agência reguladora do mercado financeiro) anunciou uma pena contra o PKB, banco que teria sido usado por operadores ligados à lavagem de dinheiro e corrupção no Brasil.
A agência reguladora aplicou uma multa de 1,1 milhão de euros contra o banco, que terá seus ganhos confiscados nesse valor. O motivo foi “grave” violação da instituição diante da lavagem de dinheiro.
O caso foi iniciado em 2016, quando um total de 25 bancos suíços passaram a ser investigados por conta de seu papel no Brasil. No total, a Operação Lava Jatou levou a Justiça suíça a congelar mil contas em cerca de 42 bancos. No total, US$ 1,1 bilhão foram confiscados e 60 inquéritos criminais foram abertos. Desse total, cerca de US$ 200 milhões já retornaram ao Brasil.
Quatro bancos suíços, porém, foram considerados como casos que mereceriam um inquérito mais aprofundado. Agora, a instituição financeira com sede em Lugano foi condenado por seu papel na abertura e gestão de contas relativas a ex-diretores da Petrobras e no esquema montado pela Odebrecht para distribuir propinas entre 2010 e 2015.
Para a FINMA, o banco não verificou de forma suficiente a identidade dos parceiros comerciais para onde volumes milionários de transferência eram realizados. O banco tampouco esclareceu de maneira apropriada as transações consideradas como “arriscadas”.
Outra irregularidade do banco foi a de não comunicar as autoridades suíças diante das suspeitas que pesavam contra seus clientes, inclusive depois que seus nomes foram veiculados na imprensa.
“O banco realizou transações – que por vezes chegavam a milhões – sem ter procedido em esclarecer e realizar controles necessários”, indicou a FINMA. “Alguns dos formulários importantes não foram preenchidos ou foram realizados de forma parcial”, alertou.
De acordo com a FINMA, outros casos foram identificados com formulários “assinados em branco”.
A partir de agora, o banco terá de aceitar um auditor nomeado pela agência reguladora para monitorar as ações do banco. Outros dois bancos já tinham sido punidos: o BSI e o Banque Heritage.
O PKB, até o momento, não retornou aos pedidos de esclarecimentos por parte da reportagem.