Spencer Platt/AFP | |
Ciclista à frente da sede do" New York Times", em Manhattan |
Com "NEW YORK TIMES"
A receita com assinaturas digitais do "New York Times" atingiu US$ 83 milhões no segundo trimestre e superou pela primeira vez o faturamento com publicidade em mídia impressa (US$ 77 milhões), anunciou nesta quinta-feira (27) a empresa que edita o jornal americano.
O crescimento do digital levou a New York Times Co. a um de seus mais fortes trimestres nos últimos anos, com a alta da receita de publicidade digital e de assinaturas on-line compensando a queda na publicidade no impresso.
A receita de publicidade digital subiu 23% no segundo trimestre, para US$ 55 milhões. Isso representa quase 42% da receita publicitária total, ante 34% no mesmo período um ano atrás.
Se incluídas as assinaturas de seu serviço on-line de palavras cruzadas, a New York Times Co. conta hoje com mais de 2,3 milhões de pagantes digitais.
A receita total com assinaturas cresceu 14%, para US$ 250 milhões.
A publicidade em mídia impressa continua a ser um desafio. A receita nessa área caiu 11% no trimestre. Mas a receita publicitária total da companhia, com a ajuda do forte crescimento da área digital, contrariou a tendência do setor e cresceu ligeiramente, para US$ 132 milhões, ante US$ 131 milhões no mesmo período em 2016.
A empresa registrou US$ 407 milhões em receita no trimestre, 9% acima do total do período em 2016.
"Acreditamos que a demanda por jornalismo de qualidade, com profundidade, esteja crescendo, não só nos EUA mas em todo o mundo", disse Mark Thompson, presidente-executivo da New York Times Co.
"Cremos que mais e mais pessoas estejam se dispondo a pagar por acesso a esse tipo de jornalismo. Essa é a nossa estratégia."
Ele acrescentou que o "New York Times" estava a caminho de atingir sua meta de 100% de aumento em sua receita digital, para US$ 800 milhões em 2020, ante US$ 400 milhões em 2014.
REESTRUTURAÇÃO
Os resultados financeiros positivos foram anunciados em um período de mudanças fundamentais e de profunda ansiedade na Redação, em meio à reestruturação das operações noticiosas da companhia.
Dentro de algumas semanas, o jornal eliminará seu departamento de copidesque e enxugará os quadros editoriais, uma decisão que provocou forte reação dos funcionários.
Editores e repórteres enviaram mensagens raivosas aos líderes da Redação, e centenas de funcionários do jornal fizeram um protesto diante de sua sede em Manhattan.
Uma rodada recente de acordos para demissão voluntária resultou na saída de dezenas de funcionários, e novos empregados, com capacitações diferentes, foram contratados, o que muda as características da Redação.
Além disso, muitos jornalistas estão se preparando para uma transferência a novos espaços, em meio a um projeto de reforma física muitas vezes incômodo, porque o jornal vai reduzir o espaço que ocupa e alugar andares ociosos a terceiros.
A New York Times Co. constituiu uma provisão de US$ 119 milhões para custos de demissão no trimestre, em razão da redução do quadro da redação.
Thompson disse que a companhia continuaria a "buscar cortes de custos", mas acrescentou que ela mantinha o compromisso de investir em jornalismo. Ele disse antecipar que a redação e os departamentos editoriais venham a manter quadros "comparáveis com os atuais".
Os resultados da empresa no segundo trimestre oferecem um contraponto otimista para a incerteza na Redação.
O lucro operacional cresceu para US$ 28 milhões, ante US$ 9 milhões no período em 2016. O lucro operacional ajustado cresceu para US$ 67 milhões, ante US$ 55 milhões. A receita líquida foi de US$ 16 milhões, ante perdas líquidas de US$ 500 mil no período em 2016.
Segundo Thompson, as assinaturas internacionais cresceram em 80% ante o mesmo período em 2016. A companhia agora conta com assinantes em 195 países.
Tradução de PAULO MIGLIACCI