Dono da sexta maior bancada da Câmara, com 37 deputados, o PSD entrou na disputa pelo comando do Ministério das Cidades, atualmente nas mãos do deputado licenciado Bruno Araújo, do PSDB. Mesmo tendo sido umas das mais atingidas pelo contingenciamento no Orçamento deste ano, a pasta também é cobiçada pelo PMDB, partido do presidente Michel Temer e que tem a maior bancada da Casa, com 63 parlamentares.
Atualmente à frente do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, com Gilberto Kassab, o PSD reclama que está sub-representado no governo e que a pasta que comanda não tem capilaridade política. No segundo mandato da presidente cassada Dilma Rousseff, Kassab ficou no comandado das Cidades, posto que só deixou em abril de 2016, às vésperas da primeira votação do impeachment da petista.
“O Kassab é um grande ministro. Mas é um ministério que não dá resposta para o anseio político dos membros do partido”, disse o líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (MG).
Para o deputado mineiro, não é possível que outros partidos “que não são tão fiéis” ao governo tenham espaço maior que o PSD. Montes se refere ao PSDB, que hoje comanda Cidades, Secretaria de Governo, Direitos Humanos e Relações Exteriores, mas têm feito duras críticas a Temer e ameaças de desembarque da base aliada, desde que a delação da JBS atingiu o presidente.
Montes afirmou que a bancada já levou a demanda a Temer durante reunião há 15 dias no Palácio do Planalto. No encontro, os deputados do PSD informaram que tinham fechado questão para votar contra a denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República. “Fechamos questão da bancada e vamos votar com ele. Mas esperamos que essa demonstração de parceria tenha reciprocidade”, afirmou o deputado mineiro.
Na votação da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), os cinco integrantes do PSD no colegiado votaram pela rejeição da denúncia. Sobre a votação no plenário, marcada para quarta-feira, o placar do Estado mostra que, dos 37 deputados da sigla, 13 já se declararam contra a aceitação da denúncia e quatro, a favor. Dos outros, 15 não responderam e cinco se disseram indecisos.
O vice-líder do PSD na Câmara, Domingos Neto (CE), reforçou a demanda. “Dissemos ao presidente que, se ele vier a fazer um novo governo a partir do dia 2 (de agosto), como ele prometeu, é um desejo da bancada. É um ministério que o partido já ocupou, que muitos deputados já têm projetos lá”, afirmou.
Montes ressaltou que o interesse do partido no cargo continua mesmo com os cortes orçamentários feitos pelo governo. Só em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram cortados R$ 3,476 bilhões do orçamento do ministério. Para este ano, o orçamento total das Cidades é de R$ 20 bilhões.
PMDB. O PMDB também pressiona Temer a dar o comando das Cidades para um deputado do partido. A reclamação é a mesma: a bancada está “sub-representada”. “Se houver mudança ministerial, a bancada tem expectativa de se fortalecer”, disse o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP).
Na bancada, pelo menos dois nomes são defendidos para substituir Araújo: Carlos Marun (MS), vice-líder da sigla, e José Priante (PA).
Procurado, o atual ministro das Cidades disse que disputas são naturais, mas que continua tocando seu trabalho normalmente. “Isso não tira meu sono.” / COLABOROU DAIENE CARDOSO