segunda-feira, 24 de julho de 2017

"Indústrias tentam barrar mudança de regra no gás natural", por Maria Cristina Frias

Folha de São Paulo


As indústrias química e de distribuição de gás querem evitar que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) altere as regras que determinam como deve ser a composição do gás natural, tema em discussão no órgão de regulamentação.

A norma atual estabelece quais porcentagens de compostos (como etano, metano etc.) o produto pode ter.

O gás do pré-sal, no entanto, tem características diferentes, e, por isso, discute-se na agência essa mudança de parâmetros, segundo um funcionário da entidade.

Uma ideia debatida é liberar porcentagens de compostos e criar padrões de características físicas e químicas, como o poder calorífico.

"Quem receber o gás terá que medir essas condições, e os equipamentos das distribuidoras não fazem isso. Teremos que investir e repassar para as tarifas", diz Marcelo Mendonça, gerente da Abegás (associação do setor).

A possibilidade que, no futuro, haja restrição de potenciais fornecedores também é um problema, afirma.



Para a indústria química, a ameaça da mudança é diminuir o etano, uma de suas matérias-primas, disponível no mercado, o que fará o preço subir, diz Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim.

"Outro problema é que pode aumentar a quantidade de material inerte, como gás carbônico, que enferruja mais os equipamentos", afirma.

A ANP diz em nota que o assunto é analisado com representantes dos setores e que ainda não há uma proposta fechada sobre o tema.
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Setor de escritórios se prepara para último pico na vacância em SP

Após um primeiro semestre com mais áreas ocupadas do que devolvidas, o mercado de escritórios de alto padrão em São Paulo prevê um último aumento dos espaços vazios.

A tendência é que os projetos lançados três ou quatro anos atrás sejam finalizados até o começo de 2018.



A estimativa de novas entregas chega a 200 mil m², no caso da imobiliária JLL. 

Até o fim do ano, as projeções do setor indicam que a taxa de vacância crescerá pelo menos 0,5 ponto percentual.

"A absorção líquida vai continuar positiva nos próximos trimestres, mas o problema é que são 123 mil m² previstos ainda para 2017", diz Giancarlo Nicastro, diretor-executivo da plataforma SiiLA.

"Começamos a ver uma acomodação de preços. Incentivos que eram dados por proprietários, como 'allowance' [subsídio em dinheiro para a mudança] e períodos de carência extensos não são mais tão comuns", afirma Milena Castanho, da Colliers.

"Em 2018 começaremos a transitar para um mercado que não beneficia tanto o inquilino. Projetamos uma taxa de vacância em torno de 20% em 2021", diz Gustavo Garcia, da Cushman & Wakefield.

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Pausa na retomada

A crise política interrompeu a trajetória de alta da intenção de investimento do comércio no país, segundo a CNC (confederação do setor).

O índice, que avalia a intenção de contratar funcionários, de renovar os estoques e de fazer aportes na empresa, teve uma queda mensal de 1,2% em julho, após uma retração em junho (-0,9%).

Ainda assim, na comparação anual, há um aumento de 9,7% na perspectiva de investimentos dos comerciantes.

"Apesar do recuo, há uma projeção positiva no curto prazo, porque as vendas do setor têm mostrado melhora", afirma Izis Ferreira, economista da associação.
A previsão da entidade é que o comércio no país tenha um resultado 1,6% melhor em 2017, na comparação com o ano passado.
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À espanhola

As empresas da Espanha que atuam no Brasil querem investir em marketing e vendas, e pouco em pesquisa, desenvolvimento e manufatura.

A conclusão é da Câmara Espanhola de Comércio, que ouviu 88 executivos. Das empresas, 34% são de serviços e 16%, engenharia e construção.

"Compramos tecnologia pronta, é natural que não se queira investir em pesquisa em empresas desses setores", diz Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Brasil.

Tributos são dificuldade para 55% das firmas espanholas. "O maior desafio não é a carga tributária, e sim a complexidade", diz Carolina Carvalho, diretora da Câmara.

Alessandro Abrahão, diretor da Prossegur, ressalta as diferenças culturais. "Causa estranheza nos espanhóis a quantidade de litígios trabalhistas por aqui", afirma.
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com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI