segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Na Argentina, o ex-presidiário tem encontros com colegas ditadores

Em primeira viagem internacional, petista vai se reunir com Nicolás Maduro e Miguel Díaz-Canel e outros celerados

O presidente Lula desembarcou na Argentina na noite de domingo 22
O presidente Lula desembarcou na Argentina na noite de domingo 22 | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Na sua primeira viagem internacional oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva programou encontros com antigos aliados de esquerda da América Latina. Entre eles, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Lula desembarcou na Argentina no domingo 22. O petista fica em solo argentino até amanhã. No dia seguinte, cumprirá agendas no Uruguai. Ao todo, Lula deverá ter cinco reuniões bilaterais.

Na terça-feira 24, vai participar cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Lula vai formalizar a volta do Brasil ao bloco, abandonado no governo de Jair Bolsonaro, em 2019.

Ele também terá encontros bilaterais. Um deles será com o ditador venezuelano. Com Maduro, deverá ser debatida a relação da Venezuela no Mercosul, bloco do qual o país vizinho foi suspenso em 2016. “Nós temos interesse, sim, em retomar essa parceria”, admitiu o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, em entrevista à CNN.

Além de reuniões com Maduro, Lula também deve se encontrar com o ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Lula viajou para Argentina acompanhado de seis dos seus 37 ministros. Entre eles, Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Itamaraty) e Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência). Completam ainda a lista os ministros Nísia Trindade (Saúde), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), além da primeira-dama, Janja.

Celac foi criada por socialistas em 2010

A organização esquerdista foi criada pelo então ditador da Venezuela, Hugo Chávez, com a participação de todos os governantes socialistas a região, incluindo Lula.  Em 2019, o governo de Jair Bolsonaro oficializou a saída da Celac, que excluiu de sua composição Estados Unidos e Canadá e incluiu — sem qualquer reprovação pública — as ditaduras de Cuba, Nicarágua e a própria Venezuela. Ao todo, 33 países fazem parte da organização.

O governo de Lula decidiu voltar a integrar a Celac.  Em nota publicada em 5 de janeiro, o Itamaraty afirmou que o reingresso foi informado aos “sócios extrarregionais com os quais a Celac mantém diálogo regular”, como a União Europeia, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), a União Africana, a China e a Índia.

O Ministério também informou que o Brasil participou diretamente da criação da Celac, ao convocar e sediar, em 2008, na Costa do Sauípe, na Bahia, a primeira edição da cúpula.  Ainda segundo a nota, a organização esquerdista tem em sua agenda temas como “segurança alimentar e energética, saúde, inclusão social, desenvolvimento sustentável, transformação digital e infraestrutura para a integração”.

“O retorno do Brasil à comunidade latino-americana de Estados é um passo indispensável para a recomposição do nosso patrimônio diplomático e para a plena reinserção do país ao convívio internacional”, concluiu o Itamaraty.

Leia também: “O vermelho é a nova cor da América” reportagem publicada na edição 144 da Revista Oeste

Com Revista Oeste