O governador da Flórida, Ron DeSantis, fala durante uma coletiva de imprensa na Miami Police Benevolent Association em Miami, Flórida, EUA, 26 de janeiro de 2023.| Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH
Faltando doze meses para as primárias presidenciais republicanas de New Hampshire em 2024, o governador da Flórida, Ron DeSantis, está na frente do ex-presidente Donald Trump por doze pontos — 42% a 30% — em uma nova pesquisa, conduzida pela University of New Hampshire Survey Center [Centro de Pesquisas da Universidade de New Hampshire] de 19 a 23 de janeiro e divulgada nesta quinta-feira (26).
É a primeira pesquisa independente sobre a primeira primária do Partido Republicano em 2024 realizada desde as eleições de meio de mandato de 2022, nas quais DeSantis foi reeleitos com uma retumbante vitória por 19 pontos na Flórida, enquanto os candidatos ao Senado apoiados por Trump tiveram um desempenho inferior e custaram ao Partido Republicano o controle da câmara alta.
A nova pesquisa mostra que a parcela de votos em DeSantis aumentou três pontos desde que a Universidade de New Hampshire realizou sua última pesquisa na metade de 2022, enquanto a parcela de votos de Trump caiu sete pontos, de 37% para 30%. A parcela de votos de Trump diminuiu em todas as quatro pesquisas realizadas desde junho de 2021.
DeSantis não está apenas liderando neste primeiro momento, mas também parece ter mais espaço para aumentar sua vantagem. “Quando questionados sobre sua segunda escolha, 30% dos prováveis eleitores republicanos apoiam DeSantis, 19% apoiam Chris Sununu [governador de New Hampshire], 14% apoiam Trump, 7% apoiam o senador do Texas Ted Cruz, 6% apoiam o ex-secretário de Estado Mike Pompeo e 5% apoiam Nikki Haley [ex-governadora da Carolina do Sul]”, relata o UNH Survey Center.
A consolidação inicial de DeSantis em New Hampshire marca um contraste marcante com as pesquisas de 2016. Naquela eleição, Trump saltou para uma vantagem inicial em New Hampshire que ele nunca perdeu, e o estado desempenhou um papel fundamental em impulsioná-lo para indicação do Partido Republicano depois de perder Iowa para Ted Cruz. Trump obteve apenas 35 por cento dos votos nas primárias do estado, mas ainda conseguiu uma vitória de 20 pontos porque o restante dos votos estava bastante fragmentado. (Quatro candidatos disputaram contra Trump — Marco Rubio, Jeb Bush, Ted Cruz e John Kasich. Cada um obteve entre 10,5% e 15,8% dos votos.)
Sim, falta apenas uma pesquisa este ano até as primárias, mas na pesquisa UNH de 2024 apenas DeSantis e Trump estão registrando dois dígitos. A ex-governadora da Carolina do Sul e embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, vem em terceiro lugar com 8%, enquanto três candidatos — o governador de New Hampshire, Chris Sununu; o ex-governador de Maryland, Larry Hogan; e a ex-deputada de Wyoming Liz Cheney — estão empatados em quarto lugar com 4% cada. Combinados, esses candidatos, que podem ser descritos como não-Trump (Sununu e Haley) ou anti-Trump (Hogan e Cheney), ainda respondem por 20% dos prováveis eleitores de New Hampshire na pesquisa.
Há três outras conclusões importantes a respeito da pesquisa.
Primeiro, mostra por que outros candidatos em potencial para 2024 e seus apoiadores — de Sununu à equipe da governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem — estão atacando DeSantis como se ele fosse o favorito, embora Trump seja o favorito nas pesquisas nacionais.
Em segundo lugar, a pesquisa é uma justificativa para aqueles que temem que uma frente ampla e dividida possa mais uma vez ajudar a dar a Trump a indicação presidencial do Partido Republicano. No momento atual, os candidatos na casa de um dígito têm mais chances de atrapalhar o principal competidor de Trump e acabar o ajudando a vencer do que de realmente ultrapassá-lo.
E, finalmente, a pesquisa sugere que não é prudente para DeSantis buscar a indicação como se seu único objetivo fosse vencer Trump. Sim, ele ganhou muita força política por causa de brigas com a esquerda e a grande mídia. Mas se o segundo escalão de candidatos em New Hampshire é composto quase inteiramente por candidatos não-Trump e anti-Trump, DeSantis precisa se preocupar em não perder apoio de um ou mais deles ao escolher as lutas erradas. Especialistas podem alertar candidatos em potencial (e eleitores) de que aqueles com pouca esperança de vitória vão acabar ajudando Trump ao concorrer. Mas qualquer candidato que pense ter pelo menos 1% de chance de se tornar presidente provavelmente concorrerá ao cargo. E são as próprias palavras e ações de DeSantis, mais do que qualquer outra coisa, que determinarão se ele pode continuar construindo sua coalizão para ganhar a indicação.
Gazeta do Povo
