Quem quiser entrar com equipamentos de filmagem no país precisará pedir permissão para a ex-nora de Ortega
O regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, proibiu turistas de ingressarem no país com equipamentos fotográficos e binóculos de visão noturna.
A Direção-Geral de Serviços Alfandegários do país emitiu uma resolução em 16 de janeiro, na qual permite que os agentes de fronteira, articulados com a Polícia Nacional, tenham poder de reter os equipamentos.
Em entrevista ao jornal El País, o ex-deputado exilado na Costa Rica, Eliseo Núñez, afirmou que tal situação poderia ser chamado de ‘coreanização’ da Nicarágua – em referência ao regime ditatorial da Coreia do Norte.
“Vai além do que os regimes cubano e chinês fazem com os turistas e tem como objetivo fechar a Nicarágua a qualquer observador externo”, disse. “A proibição de câmeras é algo que pode soar inútil diante dos celulares de última geração, mas o regime aposta que quem chegar com celular não estará constantemente em busca de informações. O mais dramático é como isolam o país”, explicou o político.
A determinação foi aderida após repórteres e documentaristas registrarem a repressão sofrida pelos nicaraguenses desde 2018.
Tanto os serviços alfandegários, quanto a Polícia Nacional alegam que os equipamentos são de “uso privado” do Exército.
Com uma lista extensa sobre as lentes, modelos e quantidades permitidas, a instituição ainda exige que “os binóculos sem ‘Certificado de Não Regularização’ que não sejam retirados pelo viajante no prazo de três meses após a retenção, serão remetidos mediante certificado de entrega à autoridade superior da Polícia”.
Caso o turista deseje entrar com uma câmera ou equipamento de filmagem “profissional ou amador” vai precisar passar pelo crivo da Cinemateca Nacional, dirigida por Idania Castillo, ex-esposa de Juan Carlos Ortega-Murillo, filho do ditador do país, Daniel Ortega.
Revista Oeste