Presidente prometeu reverter avanços históricos, como o teto de gastos, homenageou as urnas eletrônicas e mostrou que o PT não esquece da Petrobras e dos bancos públicos
É possível listar dezenas de pontos assustadores no discurso de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo, 1°, no Congresso Nacional. E um fato é incontestável: o petista foi claro, sem rodeios nem maquiagem, ao mostrar que sua eleição é mesmo um novo projeto da esquerda de se perpetuar no poder. O discurso foi lido e a íntegra está disponível na internet, outra prova de que tudo foi pensado e não está escondido. Aos arrependidos, agora é tarde.
Lula afirmou que vai tentar punir seu antecessor, Jair Bolsonaro, pela condução da pandemia, desarmar a população, não vai respeitar o teto de gastos públicos — ou seja, vai fazer o que quiser com o dinheiro do pagador de impostos –, combater seus críticos na imprensa — leia-se: censurar o que a esquerda não quer ver —, e despejar dinheiro numa central de monitoramento das redes sociais e de canais de notícias oficiais — como acontece na Venezuela, Bolívia e em Cuba.
Também foi a primeira vez na história do país que um presidente eleito homenageou as urnas eletrônicas usadas desde 1996.
“A decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos. Foi fundamental a atitude corajosa do Poder Judiciário, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral, para fazer prevalecer a verdade das urnas sobre a violência de seus detratores.”
“Estamos revogando os criminosos decretos de ampliação do acesso a armas e munições, que tanta insegurança e tanto mal causaram às famílias brasileiras.”
“Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes.”
“É urgente criarmos instâncias democráticas de acesso à informação confiável e de responsabilização dos meios pelos quais o veneno do ódio e da mentira são inoculados.”
“Uma estupidez chamada Teto de Gastos, que haveremos de revogar.”
“Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal. O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia.”
A fala foi redigida a dedo para agradar o consórcio da velha imprensa, que não esconde a euforia na TV, nos portais de notícias e em análises de articulistas. É possível encontrar menções que vão do fascismo imaginário ao desmatamento sem precedentes na Amazônia, do genocídio indígena ao apocalipse climático, do desprezo ao agronegócio à “transição energética ecológica”.
Em alguns momentos, o discurso lembrou o que petista fez em janeiro de 2003. De novo, disse que herda um país economicamente em frangalhos, o que não encontra amparo na matemática; afirmou que a fome está em todos os cantos — 33 milhões de pessoas num universo de 100 milhões de pobres, segundo ele; e, num dado momento, pareceu falar do seu próprio passado: “Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados”.
Um trecho perigoso da fala passou quase despercebido: “Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo”. A esta altura, muita gente já entendeu o recado.
Com Revista Oeste