sexta-feira, 7 de agosto de 2020

XP reduz projeção de queda do PIB em 2020 de 6% para 4,8%

 Brasil em queda/crise (Foto: Getty Images)

Brasil em queda/crise (Foto: Getty Images)

 A XP Investimentos revisou a projeção de queda do PIB em 2020 de 6% para 4,8%. Entre os fatores apontados pela corretora para a mudança está a expectativa de não haver mais lockdown no país, em decorrência da pandemia de Covid-19, e o forte desempenho do setor agrícola.

Segundo o economista Vitor Vidal, também pesou na queda da projeção a expectativa de que a atividade econômica tenha uma retração no segundo trimestre menor do que anteriormente previsto. A XP agora espera uma queda de 8% no PIB brasileiro entre abril e junho.

“Após cair 1,5% (foi revisto para -2,5%) no primeiro trimestre, as expectativas para o segundo chegaram a alcançar -13,0% na comparação interanual. No entanto, após a total paralisia da economia no mês de abril, o desempenho menos adverso para a Indústria de Transformação e do Varejo nos meses de maio e junho conseguiram dar sustentação à queda ‘menos negativa’ no trimestre”, disse.

Mesmo menor, a queda trimestral de 8% esperada para o segundo trimestre deste ano será recorde, se confirmada.

Vidal afirmou que o Brasil deverá acompanhar o ciclo global de recuperação econômica, mas considerando as suas próprias características e o seu tempo na cronologia da pandemia. Ele destacou que a ociosidade brasileira é superior à observada em economias avançadas mesmo antes da pandemia.

O economista também chamou atenção para a demanda agregada no país, que deve continuar sendo acompanhada de perto. Sobre o mercado de trabalho, Vidal disse que ele se manteve rígido, com os programas do governo de sustentação e preservação de empregos formais tendo se mostrado bem-sucedidos.

O auxílio-emergencial do governo é mais um fator que, na visão de Vidal, contribui para o cenário um pouco mais otimista, já que gera uma elevação na massa de renda de uma população com propensão maior a consumir. O economista também elogiou a atuação do Banco Central, que reduziu a Selic para 2% ao ano, seu menor patamar histórico.

“Na nossa avaliação parece pouco provável que haja novamente um lockdown ou medidas de distanciamento social mais restritivas nos próximos meses, mesmo com o Brasil se configurando ainda em um platô elevado no número de casos e mortes. Notícias positivas sobre avanços dos estágios de vacinas já são refletidos no mercado financeiro ao redor do mundo e reforçam a percepção de recuperação da atividade no decorrer dos próximos trimestres”, avaliou.

A atividade brasileira vai seguir sendo ancorada na agropecuária, que “praticamente passa incólume pela pandemia do novo coronavírus e deverá crescer 2,6% em 2020”, segundo o economista. Para a indústria, Vidal prevê retração de 5,5% no ano, com aceleração de 5,9% em 2021.

Já para o setor de serviços, o mais afetado pelas medidas de distanciamento social, a expectativa é de que ele deverá ter recuperação gradual após queda projetada de 5,2% em 2020 e alta de 2,2% em 2021.

“O grau de volatilidade sobre as expectativas de PIB para o ano ainda é bastante elevado e atípico para este período do ano. (…) De qualquer forma, as expectativas sobre a perda de PIB deste ano são ‘menos negativas’ do que eram há alguns meses, e a recuperação, um pouco mais forte”, concluiu o economista da XP.

InfoMoney