As contratações de trabalhadores temporários no varejo e no setor de serviços devem somar 103 mil neste final de ano, estimulado pela expectativa do comércio para o Natal. Se a previsão se confirmar, o emprego temporário vai atingir em 2019 sua maior marca em cinco anos, desde antes da crise.
Em 2014, a contratação de temporários para o período foi de 300 mil. Apesar de o resultado estar longe daquela época, neste ano serão 43,8 mil postos a mais de trabalho em relação a 2018 – 74% mais. Os números da pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), com mais de mil empresários.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, lembra dos resultados positivos captados pela pesquisa do IBGE. Em julho, as vendas no varejo cresceram pelo quarto mês seguido e acumulam alta de 0,8% no ano. No setor de serviços, o avanço desde janeiro foi de 1,2% nas vendas.
O crescimento nas vendas registrado até agora pode ser modesto, mas os empresários estão mais confiantes: seis em cada dez consultados esperam vendas neste final de ano melhores que em 2018, aponta a pesquisa. Além disso, 43% planejam ampliar estoque.
“O número apresentou crescimento e pode sinalizar que o mercado de trabalho começa a reagir de forma mais efetiva diante da lenta melhora na atividade econômica. Embora o movimento ainda esteja longe de ser suficiente para fazer frente ao elevado número de desempregados no país, já há indícios de um restabelecimento da confiança do empresário”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Contratações
Segundo a pesquisa da CNDL e do SPC Brasil, o salário médio de contratação de temporários neste ano é de R$ 1.597, praticamente o mesmo valor de 2018.
Entre as funções mais procuradas estão as de ajudante (31%), vendedor (26%), balconistas ou atendente de loja (9%), motorista (6%), caixa (4%) e estoquista (4%). Em média, a jornada de trabalho deve ser de oito horas diárias.
Na comparação entre gêneros, nota-se uma pequena diferença: 35% dos empresários do varejo devem optar por homens, enquanto 28% por mulheres e 37% mostram-se indiferentes com relação a isso. Quanto à faixa etária, os colaboradores novos devem ter uma média de 28 anos.
Além disso, a maioria espera que o profissional tenha o ensino médio completo (39%). Em relação às competências profissionais, mais da metade (56%) dos empresários pede experiência anterior na área. Outros 18% dão preferência a quem tenha feito algum curso técnico na área.
Apesar de estarem mais otimistas com o comércio neste ano, 49% dos empresários que irão contratar devem optar por vagas informais, sem carteira assinada. A justificativa é que, se for para assinar carteira, a contratação será inviabilizada. Além disso, os empresários enxergam as pessoas abertas a optarem por ‘bicos’. Existe uma modalidade específica na CLT para trabalho temporário. O contrato tem prazo para encerramento, que pode ser prorrogado. Ao registrar a carteira, o patrão fica obrigado a pagar o equivalente de férias e 13º salário para o funcionário, além de ter que recolher FGTS e contribuição previdenciária.
Segundo o IBGE, o número de pessoas trabalhando de forma informal no país é recorde: dos empregados, 38,8 milhões – equivalente a 41% da população que trabalha, não têm carteira assinada.
Impacto
Dos 30 bilhões de reais injetados na economia pelos saques do FGTS e PIS/Pasep, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) calcula que 13,1 bilhões de reais irão para compras. Além disso, 12,2 bilhões de reais serão usados para quitar dívidas, o que pode trazer mais brasileiros de volta ao consumo a prazo.
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, diz que o dinheiro extra deve ter mais impacto no varejo este ano do que a liberação dos recursos do Fundo de Garantia feita em 2017. É que hoje o endividamento das famílias é menor. Em 2017, foram liberados R$ 44 bilhões e R$ 11 bilhões foram usados para o consumo. “O que vai fazer a diferença neste Natal é esse dinheiro a mais.”
Com Estadão Conteúdo