Aras não é Dodge, que tinha o rabo enroscado aqui e ali.
E deixou isso bem claro em sua primeira entrevista desde que assumiu a Procuradoria-Geral da República na última quinta-feira (26).
Sobre a reunião do STF na próxima quarta (2), que estabelecerá definitivamente - ou não - a tentativa dos iluminados para criar legalmente a impunidade e anulação de grande parte dos processos da Lava Jato, Aras foi enfático:
“Espero que a Suprema Corte module os efeitos dessa decisão, que não tenhamos a debacle do sistema judicial punitivo e, mais ainda, a promoção da impunidade."
Por ‘modular’ entenda-se desfazer a merda feita na reunião passada dos 11 ilustres, onde descaradamente inventaram leis fora da Constituição para brincar de deuses e dar impunidade aos comparsas.
Sobre o povo indígena:
‘Ruim mesmo é não permitir que as comunidades que são dotadas da mesma dignidade de qualquer cidadão brasileiro não possam fazer uso de seu patrimônio, diretamente ou através de empresas que possam explorar esse patrimônio.’
Sobre suas nomeações:
‘(...) buscando dar oportunidade a todos os colegas que jamais tiveram antes a oportunidade de atuar em grandes operações(...)." Leia-se desmantelar o aparelhamento de esquerda.
Economia:
‘É preciso que participemos da defesa do mercado nacional porque ele é patrimônio da União.’
Sabe-se ainda que Aras vai passar um pente fino em todas as ações de sua antecessora, Dodge.
Vale lembrar que o Ministério Público possui autonomia total, e não pertence a nenhum dos três poderes.
Tem garantia constitucional, não pode ser extinto ou suas atribuições repassadas a outras.
Ao MPF cabe a defesa dos direitos sociais e individuais (direito à vida, dignidade, liberdade, etc) dos cidadãos perante o STF, STJ, tribunais regionais federais e juízes federais e eleitorais.
Na Constituição, o MPF atua como guardião da democracia, assegurando o respeito aos princípios, garantindo a participação da sociedade na vida do país.
Se Aras levar seu discurso adiante com essa firmeza, será uma força importantíssima na luta contra as atrocidades cometidas pelo STF.
‘Democracia’ e ‘participação popular’ são duas expressões rejeitadas frequentemente pelo STF, que legisla em causa própria apenas, escarnecendo da própria Constituição que deveria ser seu guia.
A verdadeira sabatina a que Aras será submetido começa quando participará, em plenário, da reunião do STF diante dos abutres que querem de volta a impunidade.
E quem o aprovará ou não será o povo brasileiro.
Veremos.
E, claro, desejamos boa sorte.
Marco Angeli Full
Artista plástico, publicitário e diretor de criação
Jornal da Cidade