segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Sem a grana do cidadão, Sindicato dos Metalúrgicos fecha venda de sede em São Paulo por R$ 140 milhões

Com dívida de R$ 20 milhões, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes fechou a venda de sua sede, no bairro da Liberdade, por R$ 140 milhões. 
O negócio já havia sido autorizado pelos trabalhadores em assembleia. Miguel Torres, presidente do sindicato, afirma que a venda depende ainda de aprovação do conselho fiscal da entidade, o que deverá ocorrer dentro de dois dias.
Torres diz que o sindicato ainda analisa as garantias oferecidas pela compradora —uma empresa do setor de logística-- para fechar o negócio.
Fachada principal do prédio da Força Sindical na rua Galvão Bueno, região central de São Paulo
Bruno Rocha/Fotoarena/Agência O Globo
“O prédio está ocioso. São 14 andares, mais três intermediários e os do subsolo. Tentamos alugar, mas não conseguimos”, disse.
O edifício tem também heliponto, auditório com capacidade para 900 pessoas e três andares de subsolo capazes de abrigar até 250 carros. Símbolo de tempos de bonança para o sindicalismo, o edifício tem duas torres de elevadores, somando nove compartimentos e espaço para exposições.
Em reunião nesta segunda (30), a diretoria do sindicato foi informada que toda a receita obtida nas da negociação coletiva foi consumida até setembro.
O custo de manutenção do sindicato é de R$ 3,5 milhões mensais. 
Além da sede, o sindicato —que é filiado à Força Sindical— vai vender sua subsede em Mogi das Cruzes, um clube de campo, uma colônia de férias e outros imóveis. 
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes; arrecadação caiu com reforma trabalhista - Divulgação
Após deixar a sede, os Sindicato dos Metalúrgicos passará um tempo instalado na Força Sindical. Com o dinheiro arrecadado na venda, o plano dos sindicalistas é comprar um imóvel menor.
Uma das possibilidades em estudo é a compra da sede da própria Força, que também está à venda e é avaliada em R$ 16 milhões. A Força Sindical também é presidida por Miguel Torres.
A central não é a única a enfrentar severa crise financeira.

O fim do imposto sindical obrigatório, associado ao alto índice de desemprego, derrubou a receita de todas as centrais. Maior delas, a CUT (Central Única de Trabalhadores) chegou a negociar a venda de sua sede, no Brás, além de elaborar um plano de redução de secretarias e corte de pessoal.

Catia Seabra, Folha de São Paulo