segunda-feira, 30 de setembro de 2019

"Politicagem", por Miranda Sá

“Eu não entendo nada de política. Mas percebo todas as politicagens…” (Millôr)
Em alguns artigos, entre mais de quinhentos que escrevi desde que criei o meu Blog e aderi ao Twitter, refiro-me muito à estante de livros do meu pai. Era uma coletânea rica em obras sobre as religiões e tinha, talvez, o melhor acervo de obras anarquistas do século 19. Após a sua morte, guardei muitos deles como a herança sentimental e cultural.
Voltando de viagem a poucos dias, ávido por uma leitura, encontrei uma brochura de páginas amareladas, sem capa e remendado no dorso com uma faixa de papel craft. Era “Napoleão e Cromwell”, de Thomas Carlyle, com o esplêndido prólogo de Jean Trolet, “Crepúsculo dos Deuses”.
Não havia anteriormente folheado o livro, e surpreendi-me com vários comentários e sublinhados escritos à mão pelo meu saudoso genitor. Um deles, curiosamente, registrava o pensamento de Carlyle: “Não foi somente a fome que produziu a Revolução Francesa; não, e sim o sentimento de insuportável Falsidade que tudo invadia” (sic).
Esta afirmação corajosa que vai de encontro a vários textos históricos, me trouxe aos dias que estamos vivendo no Brasil; e puxando as conclusões em linguagem atual, temos enfrentado, não só as desonestidades e trapaças deixadas pelo lulopetismo, mas a ideia que sobrou na cabeça de vários políticos e magistrados, de que o nosso País é uma propriedade do Charlatão e dos charlatanismos.
São estas figuras que praticam a politicagem, a negação da Política, com “P” maiúsculo. Politicagem é o jogo da troca de favores e ações que favorecem interesses parentais, pessoais ou grupistas.
Disto, transparece a insistência insana do esquerdismo lulopetista que defende a inocência do presidiário Lula, condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, numa campanha organizada e repetida à la Goebbels influenciando os poderosos-de-dia.
A politicagem se reflete na blindagem que o STF impõe em defesa de alguns dos seus ministros, que por sua vez defendem com argumentos capengas os corruptos presos pela Lava Jato, e despertam a revolta popular e dos próprios magistrados, algemados à pérfida Lei de Abuso de Autoridade.
Esta politicagem ocorre com a aceitação tácita dos presidentes das duas casas do Congresso. Foi a ação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o projeto para dificultar as prisões preventivas de criminosos e corruptos.
Assim, em correlação com o Judiciário, o Legislativo engaveta o fim do foro privilegiado, a CPI das Togas e o Pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro; e aprova privilégios imorais para parlamentares e partidos políticos como o pagamento de advogados pelo Fundo Eleitoral e engessa as investigações das contas eleitorais.
É triste constatar que toda esta balbúrdia politiqueira ocorre sob o silêncio do Executivo, a partir de decisões do ministro Dias Toffoli que favoreceu o senador Flávio Bolsonaro e estabeleceu e ampliou a livrança dos políticos corruptos com vistas ao criminoso Lula, aos tucanos de proa como Aécio Neves e aos ministros sob desconfiança como Gilmar Mendes.
O grande orador paraibano José Américo de Almeida trouxe na sua antologia discursiva a frase: – “É preciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar”. Este apelo patriótico não é seguido pelos fanáticos, pelos convictos e pelos covardes.
Clamo aos céus que o povo desperte e volte às ruas enfrentando o movimento golpista para matar a Lava Jato, símbolo da luta contra a corrupção e o crime organizado. É preciso impedir o fim do slogan “O Brasil Acima de Tudo” que levou o presidente Jair Bolsonaro à vitória nas urnas eleitorais.