O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner disse, na noite de anteontem, que o presidenciável do PDT, Ciro Gomes , poderia contemplar melhor a expectativa dos eleitores nas eleições deste ano por ser “um cara mais aguerrido, mais intempestivo” para os que preferem um candidato com “um perfil retado, que bata na mesa”.
A declaração do petista, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, foi dada nos bastidores do debate entre os candidatos a governador na TV Bahia, afiliada da TV Globo, em resposta a uma pergunta sobre se o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial apontaria que Wagner estava certo ao se opor a uma candidatura própria do PT.
Antes de o partido indicar Fernando Haddad para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, barrado pela Lei da Ficha Limpa, Wagner defendia que o melhor caminho seria apoiar um candidato de outra legenda. O ex-governador chegou a participar de uma articulação para ser vice de Ciro.
“Eu dei minha opinião, ela foi vencida. Acabou. Eu abracei a tese do time e estamos caminhando. Não dá para fazer especulação. Agora, evidentemente que o perfil do Ciro, por ser um cara mais aguerrido, mais intempestivo, pode ser que ele contemplasse mais essa expectativa (...) por um perfil retado, que bata na mesa”, afirmou, segundo o jornal.
Em maio, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), defendeu que, caso Lula tivesse a candidatura barrada, o partido deveria promover um debate sobre o apoio a Ciro, que seria o candidato com mais condições de unir a esquerda. Hoje, nas simulações de segundo turno, o pedetista aparece com melhores chances de vencer Bolsonaro, embora esteja muito distante de Haddad para passar para a segunda etapa.A declaração de Wagner surge em um momento em que a campanha de Haddad revê suas estratégias de olho no segundo turno da disputa presidencial. O comando da campanha petista deve passar por uma reformulação caso a passagem para a etapa final da eleição se confirme. O objetivo principal da mudança será dar mais peso político ao grupo e garantir agilidade para a tomada de decisões.
A avaliação de parte dos petistas hoje é que houve demora para iniciar a tentativa de desconstrução de Bolsonaro. Dirigentes do PT avaliam ainda que o mau desempenho de candidatos do partido aos governos estaduais no Sudeste está prejudicando Haddad na região. Os candidatos em São Paulo, Luiz Marinho, e no Rio, Marcia Tiburi, têm baixos índices de intenção de voto.
Já Fernando Pimentel, que disputa a reeleição em Minas, enfrenta turbulências na campanha por causa de problemas de sua gestão, como o parcelamento dos salários de servidores e denúncias de corrupção.
No segundo turno, Haddad deve contar com o auxílio, entre outros, de Rui Falcão, ex-presidente do partido, Márcio Macedo, um dos vice-presidentes da legenda, e José Guimarães, líder da oposição na Câmara. O trio no momento disputa eleições para deputado em seus estados. Também são esperadas as participações de governadores que devem ser reeleitos no primeiro turno como Rui Costa (Bahia), Wellington Dias (Piauí), Flávio Dino (Maranhão) e Camilo Santana (Ceará).
Ofensiva contra capitão
O PT iniciou ontem uma ofensiva contra Bolsonaro na TV. Em vídeo de 30 segundos, a campanha diz que Bolsonaro sempre votou contra os trabalhadores, mas aprovou aumento de seu próprio salário. Termina com a frase: “Bolsonaro não”. Até então, a campanha de Haddad na TV vinha sendo apenas propositiva. Hoje, o vídeo será exibido no último programa eleitoral junto com um discurso de Haddad sobre paz e esperança. No debate da TV Globo, o candidato petista também deve atacar o ex-capitão, como foco em temas econômicos.