quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Ilan: parece haver 'consenso crescente' sobre necessidade de reformas

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn durante apresentação do relatório de inflação Foto: Luciano Freire/BCB/27-09-2018
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn durante apresentação do relatório de inflação Foto: Luciano Freire/BCB/27-09-2018

Durante o encontro anual entre os ministros da Fazenda e os presidentes de Bancos Centrais (BCs) do G-20, em Bali, na Indonésia, o presidente do BC brasileiro, Ilan Goldfajn , afirmou que parece haver um crescente consenso no Brasil de que as reformas na economia são necessárias. Há duas semanas, o Comitê de Política Monetária (Copom) havia alertado que o risco para que elas não se concretizassem tinha aumentado. Os diretores avisaram que isso poderia influenciar os fundamentos da economia, ou seja, fazer com que a inflação e os juros aumentasse no país.

— Apesar dos progressos na agenda de reformas nos últimos dois anos, a etapa decisiva da reforma do sistema previdenciário ainda está por ser feita. Parece haver um consenso crescente de que reformas e ajustes devem continuar — falou o presidente, de acordo com os apontamentos feito no encontro, divulgados pela assessoria de imprensa do órgão.
Ilan não entrou nas questões políticas atuais do país com uma eleição diferente da dos últimos anos. Ele se deteve a enfatizar que a aprovação e implementação de reformas e ajustes, principalmente os que melhoram as contas públicas, ajudam a aumentar a produtividade na economia brasileira. Afirmou que eles são “cruciais” para a recuperação do crescimento sustentável e para que a inflação controlada continue nos próximos anos e que os juros, que estão no menor patamar da História, permaneçam baixos.
— A frustração das expectativas em relação à continuação das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar os prêmios e aumentar a trajetória da inflação ao longo do horizonte relevante para a condução da política monetária — falou o presidente do BC, que ainda completou: — O risco anterior se intensifica caso a perspectiva global das economias se deteriore.
O presidente do Banco Central brasileiro avaliou ainda que a perspectiva global permanece desafiadora por causa do menor apetite por risco dos investidores que tendem a sair de aplicações em economias emergentes. Ressaltou que o aumento dos juros nos Estados Unidos traz desafios para esses países. E que a realocação de carteira por investidores globais enfraqueceu as moedas e aumentou os prêmios de risco que tem de ser pagos pelos emergentes para atrair capital.
Ilan Goldfajn falou ainda que o Brasil está bem posicionado para resistir aos choques internacionais porque as contas externas estão robustas, porque mantém um regime de câmbio flutuante (que varia em relação às condições do mercado financeiro), tem muitas reservas em dólar, inflação baixa e sem perspectiva de descontrole. Ressaltou também que o sistema financeiro brasileiro é resiliente, financiado principalmente por dinheiro daqui e isso limita o impacto dos choques globais.
Gabriela Valente, O Globo