Embraer receberá US$ 3,8 bi pela venda de 80%
de sua área de aviação comercial para a Boeing;
ainda não há informações precisas sobre como
será a parceria na área de defesa
A negociação de uma joint venture na área de defesa entre as fabricantes de avião Embraer e Boeing incluirá a instalação de uma linha de montagem nos Estados Unidosdo cargueiro militar KC-390, um dos projetos mais promissores da empresa brasileira. A informação foi antecipada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pelo Estado.
Ao contrário da parceria entre as empresas na área de aviação comercial – anunciada em julho – , a joint venture no setor de defesa terá a Embraer como sócia controladora. A participação exata da brasileira no negócio ainda não foi definida.
A fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP), onde o KC-390 vem sendo desenvolvido, deverá ser mantida e ficará de fora do acordo.
Nos Estados Unidos, a cidade em que a unidade fabril será instalada ainda não foi definida e há conversas em andamento com governos de Estados para obtenção de isenções fiscais.
Com essa fábrica fora do Brasil e com a joint venture, o KC-390 poderá ser vendido diretamente ao governo americano. Hoje, para a Embraer comercializar a aeronave militar Super Tucano com Washington, a negociação precisa ser feita via a empresa americana Sierra Nevada.
A parceria na área militar permitirá ainda que a Embraer venda a aeronave para países aliados do governo americano no programa Foreign Military Sales, que facilita a comercialização de equipamentos de defesa americanos. Coreia do Sul e Cingapura, por exemplo, estão entre os parceiros no programa.
O KC-390 é o maior avião já desenvolvido no Brasil. A Força Aérea Brasileira (FAB) já encomendou 28 aeronaves, no valor de US$ 7,2 bilhões, a serem entregues nos próximos 12 anos – a primeira no ano que vem.
Procurada, a Embraer afirmou em nota que a produção do KC-390 será mantida em Gavião Peixoto. Já a Boeing não quis se pronunciar.
Luciana Dyniewicz, O Estado de S.Paulo