O mercado financeiro começa a colocar em suas projeções, e no preço dos ativos, a possibilidade de Jair Bolsonaro (PSL) vencer a corrida presidencial ainda no primeiro turno, o que derrubou o dólar em mais de 2% e levou a Bolsa a disparar nesta terça-feira (2).
A moeda americana recuou 2,09% R$ 3,9350, no menor patamar desde 17 de agosto. Na mínima, a moeda chegou a ser negociada a R$ 3,9060. Apenas três divisas emergentes avançaram sobre o dólar nesta terça: o peso argentino, o real e o iene.
A reação eufórica e descolada do exterior reflete a pesquisa Ibope divulgada na segunda, após o fechamento do mercado. O levantamento mostrou crescimento da vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o segundo colocado, Fernando Haddad. Segundo o Ibope, Bolsonaro avançou para 31% das intenções de voto, enquanto o petista ficou estagnado em 21%. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Em um segundo turno, os dois voltaram a aparecer empatados com 42% das intenções de votos. Além disso, a rejeição a Haddad disparou. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-08650/2018.
"Muitos analistas esperavam que as intenções de voto de Bolsonaro fossem afetadas depois dos protestos contra o candidato no final de semana", escreveu Tony Volpon, economista-chefe do banco UBS em relatório.
“A pesquisa surpreendeu porque Bolsonaro estava perdendo tração. Ele apanhou a semana inteira na imprensa, dos adversários e aí chega na pesquisa e abre 4 pontos, e Haddad fica estagnado”, diz Victor Candido, economista-chefe da corretora Guide.
A disparada de Bolsonaro fez o mercado começar a colocar em suas projeções a possibilidade de a eleição se encerrar ainda no primeiro turno.
"Até ontem, não havia nenhuma probabilidade atribuída a [uma vitória de Bolsonaro] no primeiro turno. Quanto é essa probabilidade? 5%? 10%? Preciso colocar essa probabilidade nos preços, ela existe", diz Felipe Miranda, economista e estrategista-chefe da Empiricus.
Segundo cálculos da Guide Corretora, o Ibope indica que Bolsonaro tem 38% dos votos válidos (descontados brancos e nulos), ante os 25% de Haddad. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa obter 50% mais um dos votos válidos.
"Uma vitória de Bolsonaro já no primeiro turno ainda exige que ele conquiste 70% dos votos depositados nos quatro candidatos “azuis” (Alckmin, Alvaro, Amoedo e Meirelles) ou 55% dos votos deles somados aos de Marina Silva", escreveu a XP em relatório.
O mercado financeiro vem sinalizando apoio a Bolsonaro desde que perdeu as esperanças de ver Geraldo Alckmin (PSDB) decolar nas pesquisas de intenção de voto.
A Bolsa brasileira foi impulsionada pelos mesmos motivos e ganhou 3,77%, a 81.593 pontos, no maior nível desde 22 de maio, no início da paralisação dos caminhoneiros.
A alta foi puxada pelas ações de estatais. Os papéis do Banco do Brasil subiram mais de 11,41% e puxaram papéis de todo o setor bancário. As ações preferenciais da Petrobras avançaram 8,66%, enquanto as ordinárias ganharam 6,74%.
Economistas dizem, no entanto, que a manutenção da euforia dependerá da confirmação do cenário pelas próximas pesquisas. Nesta terça-feira será divulgada nova pesquisa Datafolha.