terça-feira, 27 de novembro de 2018

PF faz operação contra lavagem de dinheiro em escritório de advocacia de São Paulo

Operação foi feita em parceria da Polícia Federal com a Receita Federal Foto: Reprodução / Receita Federal
Operação foi feita em parceria da Polícia Federal com a Receita Federal Foto: Reprodução / Receita Federal

Polícia Federalrealiza na manhã desta terça-feira um desdobramento da Operação Descarte , que investigou o uso de empresas de fachada paralavagem de dinheiro de empresas de limpeza urbana. De acordo com os investigadores, um dos escritórios de advocacia investigados, que já foi alvo da operação em março deste ano, continuava atuando em empresas fantasmas.

Os agentes cumprem dois mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão.
O grupo investigado controlava diversas empresas de fachada, usando pessoas interpostas, os chamados "laranjas", como proprietários das companhias. Entre as emrpesas investigadas na operação de março deste ano estava o Consórcio Soma, que realiza os serviços de coleta de lixo da cidade de São Paulo e que, de acordo com a Polícia Federal, era a empresa que mais adquiriu os serviços dos suspeitos.
A Soma teria realizado pagamentos que, somados, chegaram a R$ 100 milhões, para as empresas de fachada. O consórcio teria simulado a aquisição de detergente, sacos de lixo, uniformes e tintas em pó para justificar a transferência dos R$ 100 milhões.
À época, em comunicado, o Consórcio Soma afirmou que "cumpre todas as exigências legais e que está prestando todas as informações solicitadas pela Polícia Federal".
As empresas de fachada simulavam a venda desses produtos e serviços, recebendo os pagamentos e distribuindo os valores para outras contas no Brasil e no exterior ou entregando os valores em espécie.
Segundo a Polícia Federal, o dinheiro era utilizado para diminuir valores devidos em impostos, lavagem de dinheir e pagamento de propinas. Um servidor público é investigado por ter contratado o escritório de advocacia para lavar dinheiro proveniente de corrupção.
Os investigados podem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, além de associação criminosa.

Serralheiros movimentavam milhões

Em março, os investigadores identificaram uma série de empresas registradas em nomes de pessoas cuja ocupação não condizia com o volume de movimentações bancárias. Entre elas, estavam funcionários de uma bicicletaria e serralheria em Santos, no litoral do estado.
Duas empresas investigadas sequer existiam nos endereços declarados, embora tenham emitido notas fiscais no valor de R$ 39 milhões para a compra de detergentes ou de R$ 13 milhões para a comercialização de tinta pó e sacos de lixo.
Entre os reais donos das empresas estava um empresário de Minas Gerais que tuilizou uma das empresas envolvidas para adquirir veículos das marcas Maserati e Ferrari. Também foram identificados pagamentos de fachada a Alberto Youssef.

Dimitrius Dantas, O Globo