quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Bolsa brasileira bate novo recorde de máxima após divulgação de dados dos EUA

O dólar terminou a quinta-feira (29) em alta ante o real, após recuar nas duas sessões anteriores, pressionado por cautela com o cenário político após o adiamento da votação da cessão onerosa no Senado. A Bolsa brasileira avançou e renovou máxima histórica, rumando aos 90 mil pontos.
O bom humor no mercado internacional suavizou o movimento de alta doméstico no mercado de câmbio. O dólar avançou 0,43%, a R$ 3,8575, depois de acumular perda de quase 2% nos dois pregões anteriores.
A moeda norte-americana está a caminho de sua primeira valorização mensal após as quedas de setembro e outubro, embaladas pela expectativa e confirmação de vitória de Bolsonaro nas urnas. No acumulado de novembro, o dólar subiu 3,62% ante o real até a sessão desta quinta-feira.
Segundo um operador do mercado financeiro, a alta é um ajuste técnico às vésperas da formação da Ptax e ainda reflexo de um novo capítulo da cessão onerosa.
Ele se referia ao novo adiamento da votação, pelo Senado, do projeto de lei da cessão onerosa. Na véspera, o presidente da Casa, Eunício Oliviera (MDB-CE), disse que ainda não há entendimento. Integrantes do atual e do futuro governo discutem uma maneira de dividir parcela dos recursos a serem obtidos com a aprovação do projeto entre Estados e municípios.
Segundo Eunício, ainda há resistências por parte do governo atual, por entender que a medida poderia ferir o chamado teto de gastos.
"O risco de o projeto de lei não poder ser alterado via MP poderia levar a alterações via emendas, o que levaria a atrasos para sua aprovação dado que o projeto retornaria à Câmara", acrescentou a corretora XP Investimentos.
O leilão do pré-sal poderia gerar receita de até US$ 130 bilhões para a União, o que ajudaria o novo governo no difícil trabalho de ajuste fiscal, que só será efetivo se o governo também conseguir aprovar a reforma da Previdência.
"O mercado está preocupado com as reformas e o risco de execução no Congresso, não acredito que deputados e senadores irão bloquear a agenda do governo Bolsonaro, uma vez que a maioria deles não estará lá em fevereiro, quando a nova Casa tomar posse", comentou o diretor de Tesouraria de um banco estrangeiro.
Por outro lado, o comportamento externo da moeda suavizou a trajetória de alta do dólar aqui no Brasil, que caiu ante divisas de países emergentes ainda sob influência do discurso do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, na véspera.
A fala dele indicando que os juros estão "pouco abaixo" do neutro sinalizou que o Fed pode não subir tanto o juro quanto inicialmente se imaginava.
Nesta quinta-feira, indicadores da economia norte-americana reforçaram essa visão. O núcleo do índice de preços PCE dos Estados Unidos, principal medida acompanhada pelo banco central do país, ficou abaixo do esperado ao subir 0,1% em outubro, indicando que a pressão inflacionária no país diminuiu.
"As declarações de Powell parecem ter sido a senha para o mercado voltar a alocar risco em algumas classes de ativos, em especial os ativos emergentes, as bolsas globais, as commodities e a maior parte dos ativos que vinham sofrendo ao longo dos últimos meses", destacou em comentário, o estrategista de fundo multimercados da Icatu Vanguarda, Dan Kawa.

IBOVESPA

O Ibovespa renovou máximas históricas nesta quinta-feira, encostando em 90 mil pontos, com dados econômicos dos Estados Unidos endossando declarações do chairman do Federal Reserve na véspera, em movimento liderado pelas ações de CCR e Ecorodovias nesta sessão.
O principal índice acionário do país avançou 0,51%, a 89.709 pontos. O volume financeiro foi de R$ 13,2 bilhões, abaixo dos níveis que vinham sendo registrados em sessões anteriores.
Dados econômicos divulgados nesta sessão nos Estados Unidos —sobre pedidos de auxílio desemprego e gasto e renda do consumidor– corroboraram um cenário de crescimento ainda saudável, mas sem pressões inflacionárias que justifiquem uma atuação mais forte do banco central norte-americano.
A agenda referendou o tom mais moderado adotado pelo chefe do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira, em relação ao processo de normalização da taxa de juros nos Estados Unidos, que trouxe euforia aos ativos de risco já na véspera, em particular de mercados emergentes.
As bolsas em Nova York mostravam perdas nesta tarde, mas longe das mínimas, com o mercado na expectativa do encontro dos presidentes norte-americano, Donald Trump, e chinês, Xi Jinping, em cúpula do G20 na Argentina, em meio ao embate comercial entre os dois gigantes que tem preocupado investidores globalmente.
As ações da CCR e Eco Rodovias subiam 8,8% e 5,6%, respectivamente, com expectativas atreladas a novos projetos de concessão do novo governo dentro do Programa de Parcerias de Investimentos. Para o Bradesco BBI, as duas estão bem posicionadas para fazer ofertas a tais projetos. No caso da CCR, também estava no radar acordo para encerrar inquérito civil envolvendo caixa 2.
REUTER