O presidente eleito, Jair Bolsonaro, escolheu um militar para ocupar o Ministério de Minas e Energia.
Na manhã desta sexta-feira (30), ele anunciou pelas redes sociais o nome do almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior para o cargo.
Esta é a 20ª definição de Bolsonaro para o primeiro escalão de seu governo
Albuquerque é o primeiro nome da Marinha indicado pelo eleito para o cargo de ministro, mas o quinto militar. Ele é atualmente diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha.
Nesta quinta, o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, disse que sua pasta será formada por seis secretarias especiais, que unificarão as atuais estruturas de Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior.
Em conversa com jornalistas, ele informou que o diplomata Marcos Troyjo vai comandar a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. Troyjo é colunista da Folha. A área deverá incorporar também a Apex (Agência de Promoção das Exportações), hoje subordinada ao Itamaraty.
O empresário Salim Mattar, como já noticiado, foi confirmado como secretário especial de Desestatização e Desmobilização. Ele deverá integrar a equipe de transição por volta do dia 14, após se descompatibilizar do comando da Localiza, empresa de locação de veículos que ele fundou e na qual atua como presidente do conselho de administração.
Segundo Guedes, o economista Marcos Cintra, formulador do imposto único, comandará a Secretaria Especial de Previdência e Receita Federal e será responsável por tocar duas reformas relevantes no governo de Jair Bolsonaro.
Bolsonaro escolheu três generais da reserva do Exército: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo). Além deles, o astronauta Marcos Pontes, tenente-coronel da Aeronáutica, será ministro de Ciência e Tecnologia.
O nome do almirante foi visto como surpresa já que ele não constava na lista dos mais cotados para Minas e Energia. De acordo com pessoas próximas a Bolsonaro, a conversa entre eles aconteceu esta semana.
Eram cogitados para a pasta o ex-secretário-executivo do ministério Paulo Pedrosa, e Luciano Castro, da Universidade de Iowa. Nos últimos dias, voltou-se a falar também na possibilidade da indicação de outro general da reserva para o posto, como Oswaldo Ferreira.
Ferreira foi o responsável por desenhar o programa de infraestrutura de Bolsonaro e foi cotado para ser ministro de Infraestrutura, para o qual foi escolhido o ex-diretor do DNIT Tarcísio de Freitas. Embora tenha formação militar, Freitas não é visto como um nome do meio entre os generais e, por isso, passaram a defender que o eleito escolhesse um novo egresso das Forças Armadas para Minas e Energia.
Ao anunciar Freitas esta semana em Brasília, Bolsonaro não descartou a possibilidade de escolher novos militares para o primeiro escalão.
"É possível. Quando o PT escalava terrorista, ninguém falava nada", respondeu ao ser questionado sobre a possibilidade.
A indicação de Albuquerque foi elogiada pelo atual ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.
"Presidente Bolsonaro acertou na indicação do almirante Bento para o MME. Muito bem preparado para as responsabilidades técnicas e de comando do setor. Conhece o funcionamento e os desafios da convivência no parlamento e é de uma família de super dotados. Ricardo Paes e Barros é seu irmão" escreveu Moreira Franco nas redes sociais.
Albuquerque já foi observador das Forças de Paz da (ONU) Organização das Nações Unidas em Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina; e de Dubrovnik, na Croácia, ex-Iugoslávia. Além disso, foi assessor Parlamentar do Gabinete do Ministro da Marinha no Congresso.
Em outubro deste ano, o almirante foi condecorado pelo presidente Michel Temer em cerimônia no Palácio do Planalto. Ele recebeu a Medalha Nacional do Mérito Científico, em homenagem às contribuições ao Setor de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Futuro chefe do GSI, o general Augusto Heleno elogiou a escolha de Bolsonaro e disse que Albuquerque já está familiarizado com temas de Minas e Energia já que participa de reuniões sobre o tema junto à pasta e ao Palácio do Planalto atualmente.
Ele comanda a área de energia nuclear do Brasil, que fica a cargo da Marinha.
"Um camarada que já está vivendo esse problema aí da energia. Já conhece muita gente do Ministério", afirmou à Folha.
Com Reuters