Ao transferir Antonio Palocci da cadeia para o conforto da prisão domiciliar, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região não alterou apenas a condição carcerária do condenado. Mudou também o status político do condenado, convertendo-o numa espécie de míssil-companheiro.
Ao premiar Palocci, o TRF-4 reconheceu a utilidade de sua delação como matéria prima para a produção de provas contra personagens que a militância do PT celebra como “heróis do povo brasileiro”. A Procuradoria vai recorrer. Mas o colaborador não seria brindado com um regime semiaberto se sua delação fosse vazia, como alega o petismo.
A novidade é ruim para Lula, que já está em situação precária. É péssima para Dilma Rousseff, cuja descida pelos nove círculos do inferno mal começou. É desastrosa para o PT, que transformou a defesa dos seus líderes encrencados num processo de apodrecimento partidário.
Os dois principais alvos da delação de Palocci são Lula e Dilma. Ambos afirmam que não cometeram nenhum crime. O que há, segundo sustentam, é apenas um complô de investigadores mal intencionados, mancomunados com juízes parciais, uma imprensa golpista e delatores desqualificados. Palocci subverteu esse enredo.
Petista de quatro costados, Palocci cavalga uma biografia alentada: redator da “Carta ao Povo Brasileiro”, ex-ministro de Lula, elo entre o PT e o Departamento de Propinas da Odebrecht, gerente da caixa registradora das campanhas de Dilma, ex-ministro de madame…
Cada vez que o PT tenta desqualificar Palocci, é como se o partido cuspisse na sua própria imagem refletida no espelho. O míssil tem potencial para converter em ruínas o que restou do petismo.
Com Blog do Josias, UOL