quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Lava-Jato do Paraná se prepara para assumir cargos estratégicos da PF em Brasília

Igor Romário de Paula, coordenador dos delegados da Lava Jato em Curitiba Foto: Heuler Andrey/DiaEsportivo/Agência O Globo / Agência O Globo (21/11/2017)
Igor Romário de Paula, coordenador dos delegados da Lava Jato em Curitiba - Heuler Andrey/DiaEsportivo/Agência O Globo / Agência O Globo (21/11/2017)



Quando o ex-juiz Sergio Moro convidou o delegado Maurício Valeixo para assumir a Direção-Geral da Polícia Federal, cargo máximo da instituição, sinalizou o desejo de repetir nacionalmente o ritmo que a Lava Jato empregou às investigações policiais no país. 

Valeixo está há um ano à frente da Superintendência da PF em Curitiba, mas não vem daí seu reconhecimento no âmbito da ação anticorrupção. O delegado notabilizou-se pelo apoio operacional à iniciativa em seus anos mais agudos, entre 2015 e 2017, período em que esteve à frente da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), terceiro cargo mais importante da PF em Brasília.

A partir de 2019, o terreno está preparado para que esse mesmo cargo seja ocupado na capital federal pelo delegado Igor Romário de Paula, coordenador das operações policiais da Lava Jato em Curitiba desde seu início, em 2014. Outra figura central para a operação no Paraná também deve fazer as malas para Brasília: chefe da perícia, Fábio Salvador é o mais cotado para assumir a Diretoria Técnico-Científica (Ditec).

Na última semana, Moro já havia indicado a delegada Erika Marena, também ex-Lava Jato, como chefe de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça. Exercerá função pela qual é reconhecida entre os colegas, ainda que tenha cometido erros no passado — seguir o dinheiro.

O mais provável é que Valeixo confirme na Diretoria-Executiva (Direx), o segundo cargo mais importante na hierarquia da polícia, o atual superintendente da PF em São Paulo, Disney Rosseti — uma opção mais política no desenho da chefia do órgão. Atual braço direito de Valeixo em Curitiba, o delegado Roberval Ré Vicalvi dificilmente deixará de ocupar uma posição na nova diretoria da PF, na capital federal.

A diferença brutal do ritmo das ações policiais da Lava Jato em Curitiba e Brasília dá o tom do desafio à porta da nova chefia. Em quatro anos, a ação no Paraná prendeu 264 pessoas, apresentou 140 condenações e recuperou R$ 12 bilhões. Em Brasília, das suspeitas sobre quase duas centenas de parlamentares sobrou até aqui uma condenação – o deputado Nelson Meurer (PP-PR), sentenciado a 13 anos de cadeia. Ele aguarda em liberdade o julgamento de um recurso. A nova turma da PF chega a Brasília cheia de idealismo. Resta saber se será tragada pela burocracia ou se realizará o que pretende.



Thiago Herdy,  Epoca