O Senado gastou R$ 127.298,70 para mandar três senadores da oposição e em final de mandato para a Coreia do Norte de 20 de novembro a 2 de dezembro.
Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), Roberto Requião (MDB-PR) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) embarcaram no dia 20 rumo a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, primeira escala da viagem.
De acordo com o requerimento apresentado por Grazziotin, "os objetivos da missão são o estreitamento da cooperação entre a Assembleia Popular Suprema da República Popular Democrática da Coreia e o Senado Federal, mediante encontros com parlamentares e outras autoridades daquele país".
A senadora é presidente do grupo parlamentar de amizade Brasil-Coreia do Norte, instalado em junho.
O Brasil mantém relações diplomáticas com a Coreia do Norte desde 2001 e é o único país das Américas a ter embaixada em Pyongyang, desde 2009. Dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior mostram que as relações comerciais com a ditadura asiática são tímidas. O Brasil exportou US$ 3,2 milhões para a Coreia do Norte de janeiro a outubro deste ano.
O país ocupa a 179ª posição no ranking de exportações brasileiras, em um total de 240 países e protetorados. Entre os principais itens exportados estão ferro, aço, café, chá, tabaco e madeira.
Também entre janeiro e outubro, o Brasil importou aços laminados, bombas para combustíveis, lubrificantes e chapas de plástico, totalizando só US$ 647,6 mil (138º de 228).
Além de cerca de R$ 16 mil em diárias para cada senador —valor que cobre as despesas com hospedagem, segundo informou o gabinete de Vanessa Grazziotin—, o Senado bancou seguros de viagem, que variaram entre R$ 330,24 e R$ 495,51. Também saíram dos cofres públicos os recursos para pagar os deslocamentos de cada senador a Guarulhos, de onde saiu o voo, e as passagens do percurso Guarulhos-Dubai-Pequim-Dubai-Guarulhos, a R$ 23.816,96, cada.
Os três senadores não são os primeiros a embarcar para Pyongyang neste ano. Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Fernando Collor (PTC-AL) foi duas vezes à Coreia do Norte —de 24 de abril a 5 de maio e de 6 a 11 de setembro. Ao todo, em 2018, a Casa gastou R$ 170.875,69 com viagens à ditadura asiática.
Collor também mencionou em justificativa a necessidade de estreitar o intercâmbio e a cooperação com o país. No relatório da viagem, listou visitas e reuniões e diz ter se comprometido a trabalhar pela implementação do grupo parlamentar de amizade, o que ocorreu no mês seguinte.
Ele também defende a aceleração da apreciação pelo Congresso de um acordo de cooperação econômica e técnica e a concessão de visto de estudante para que norte-coreanos viajem ao Brasil para frequentar curso de português.
O Portal da Transparência do Senado relata despesas com passagens apenas para a primeira viagem de Collor à Coreia do Norte. Foram gastos R$ 21,8 mil.
O senador Pedro Chaves (PRB-MS) também já foi à Coreia do Norte em missão oficial neste ano, de 24 de abril a 4 de maio. Ele relata visitas e conversas, como uma com o vice-presidente do Comitê Central da Federação Geral dos Sindicatos do Comércio.
O Senado desembolsou R$ 21,4 mil em passagens para Chaves, além de R$ 274,59 de seguro viagem, num total de R$ 21,6 mil. Não há registro de pagamentos de diárias para os dois senadores.
A Folha procurou as assessorias de Graziottin, Requião e Valadares, que estão neste momento na Coreia do Norte.
A senadora se manifestou pelo grupo. Em nota, ela informou que a viagem foi realizada a convite da embaixada norte-coreana no Brasil "para diálogo entre os parlamentos e [para] reforçar os laços de amizade entre os povos".
Afirmou também que, além da visita à Coreia do Norte, durante o retorno ao Brasil, também está prevista reunião de trabalho da delegação com o vice-ministro dos negócios estrangeiros da China, nesta quinta (29), para discutir relações comerciais.
A assessoria do Senado disse que a missão oficial foi autorizada tendo em vista a criação do grupo parlamentar de amizade Brasil--República Popular Democrática da Coreia, instituído pela Resolução nº 11/2018", respondeu em nota.