terça-feira, 20 de novembro de 2018

Moro confirma Maurício Valeixo como diretor-geral da PF

Sérgio Moro
 O juiz Sérgio Moro chega ao restaurante do CCBB, em Brasília, 
para almoçar Foto: ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO
BRASÍLIA - O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, confirmou o nome de Maurício Valeixo, atual superintendente da Polícia Federal no Paraná, como o próximo diretor-geral da Polícia Federal, em substituição a Rogério Galloro. Moro confirmou também a delegada Érika Marena, superintendente da PF em Sergipe, como próxima chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).
"Valeixo tem a missão de fortalecer a PF e que a PF posssa direcionar as investigações com foco em combate à corrupção e ao crime organizado. São desafios, mas é uma pessoa plenamente capacitada", disse Moro ao anunciar o nome no comitê de transição do governo em Brasília. O convite foi antecipado pelo Estado nesta segunda-feira, 19.
Valeixo foi o número 3 da Polícia Federal durante parte da gestão do ex-diretor-geral Leandro Daiello, quando o atual diretor, Rogério Galloro, era o número 2. A avaliação dentro da Polícia Federal é que Valeixo é um bom nome e a escolha dele é vista não como uma ruptura, e sim como uma espécie de continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido no órgão, ao mesmo tempo que demarca a força do grupo de trabalho da Polícia Federal que atua no Paraná, o qual também terá outros integrantes no time de Moro. 
A delegada Érika Marena, que coordenou a Lava Jato em sua origem, foi escolhida por Moro para assumir o DRCI, órgão estratégico para investigações internacionais e cooperação com outros países, sobretudo para desvendar esquemas de lavagem de dinheiro. Segundo Moro, ela é a pessoa mais qualificada no Brasil para atuar nessa área. "Como vimos na Lava Jato e em outros casos, é muito comum a lavagem de dinheiro no exterior", disse Moro, ao frisar a importância da função.
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A delegada Erika Marena, superintendente da PF em Sergipe, 
durante almoco com o Juiz Sergio Fernando Moro, no restaurante do CCBB. 
Foto: Dida Sampaio/Estadão
Marena foi alvo de questionamentos na Operação Ouvidos Moucos, que prendeu o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Cancellier, que se suicidou apontando a prisão como indevida. Houve críticas quanto a um possível abuso da PF. Uma sindicância aberta na PF, no entanto, apontou que a conduta dela foi adequada. Moro afirmou respaldar absolutamente a conduta da profissional.
"A delegada tem minha plena confiança, o que houve em Florianópolis com o reitor foi uma tragédia, e a família tem toda a solidariedade. Mas foi um infortúnio na investigação e a delegada não tem responsabilidade quanto a isso", afirmou Moro.
Outro nome da Lava Jato que pode vir para o time de Moro em Brasília é o delegado federal Marcio Anselmo, o condutor do inquérito original da operação. Moro disse que é um nome possível, mas não está confirmado. Segundo ele, Anselmo trabalha num cargo estratégico na PF. "Existem pessoas de qualidade que passaram na Lava Jato e todas essas pessoas estão de certa maneira no radar", disse.
"Eu sempre afirmei que seria tolo se não aproveitasse pessoas que trabalharam comigo na Lava Jato porque provaram integridade e eficiência", disse Moro.
Outro nome que pode entrar na equipe é o próprio diretor-geral Rogério Galloro. Moro disse também que o convidará para alguma função no Ministério da Justiça e Segurança Pública, ainda não definida.
Moro também elogiou a permanência de Wagner Rosário como ministro da Controladoria Geral da União, posto que já ocupa no governo Michel Temer. A recondução de Rosário foi anunciada nesta terça-feira, 20, pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. "A escolha foi do presidente, mas é uma boa escolha", disse Moro.
Supremo. Mais cedo, Moro esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) para encontro com o presidente da corte, ministro Dias Toffoli. Segundo o Supremo, a visita de cortesia foi solicitada por Moro. Foi a primeira vez que Moro esteve no Supremo depois de se exonerar da Justiça Federal do Paraná, onde foi o julgador, na 13ª Vara Federal, dos processos da Operação Lava Jato.

Toffoli falou com Moro sobre a preocupação dele com o índice de homicídios no Brasil e o atualizou sobre algumas ações do CNJ, como o convênio com o Ministério da Segurança Pública e o TSE para aquisição de tornozeleiras eletrônicas e cadastro biométrico de presos.

Breno Pires e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo